Correio dos Açores, 5 de Julho de 2014
Não mais mortos e feridos nas touradas à
corda
O Movimento Cívico
Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) lamenta profundamente a morte
de mais uma pessoa, neste caso, a de um homem de 62 anos, durante a realização
de uma tourada à corda na ilha de São Jorge. Esta morte é mais uma que vem
somar-se à de um homem de 78 anos na ilha da Graciosa, em 2013, e à morte de um
homem na ilha do Pico, em 2012. Assim, a trágica estatística das mortes nas
touradas à corda na região situa-se, no mínimo, numa pessoa morta por ano.
Para além das pessoas
que morrem, o número de feridos graves nas touradas à corda é bastante maior,
como indicam os casos que chegam a ser conhecidos apesar de, no geral,
raramente serem noticiados. No total, o número de feridos graves e ligeiros nos
Açores como consequência das touradas à corda estima-se em mais de 300 em cada
ano.
Estes
números são necessariamente aproximados em virtude dos feridos e mesmo dos mortos resultantes das touradas à corda, não serem
mencionados, na maioria das vezes pela comunicação social. Aliás, é lamentável que, no caso da pessoa recentemente
falecida em São Jorge, a comunicação social tenha centrado a notícia
exclusivamente nas dificuldades da evacuação médica, que não contestamos, chegando
mesmo a não referir, muitas vezes, que a causa primeira da morte foram os
ferimentos ocasionados durante uma tourada.
Todas estas mortes
inúteis e todos estes numerosos feridos, graves ou ligeiros, poderiam ser
facilmente evitados com a definitiva abolição das touradas nos Açores e a sua
substituição por eventos culturais que, longe de cultivar a violência e a
morte, fomentassem a alegria de viver e o respeito pelas pessoas e pelos
animais. É cada vez mais evidente, nos Açores e em todo o mundo, que está na
hora de acabar com esta barbárie absurda e sem sentido, permitindo aos povos
evoluir e entrar definitivamente num progresso cultural próprio do século XXI.
Porém, longe deste
entendimento, as touradas à corda continuam a receber apoios públicos por parte do governo regional e das
autarquias açorianas. Os governantes fecham os olhos à realidade e parecem
varrer os mortos e os feridos para baixo do tapete.
Mas, ainda são também
de lamentar as outras vítimas das touradas à corda: os touros. Infelizmente não
são raros os casos de animais que chegam a morrer durante as touradas. São
conhecidos casos de touros que morreram de esgotamento e outros que morrem ao
embaterem contra um muro. São frequentes também os casos de animais que acabam
gravemente feridos, perdendo um ou os dois cornos ao embaterem contra as paredes
e muros, ou partindo ossos ao escorregar ou saltar nas ruas. É, ainda, comum
ver touros com ferimentos, sangrando e sem que por isso se interrompa a festa.
Apesar de tudo isto,
lamenta-se que alguns políticos ainda considerem as touradas como simples
“brincadeiras” com os animais.
Partilhando o sentir
da maioria da sociedade açoriana, o MCATA considera que não é admissível haver
mais nenhuma morte nem mais feridos por causa das touradas à corda.
Por último, o MCATA
apela às entidades que têm responsabilidade na matéria para que atuem sem mais
demora.
Comunicado do
Movimento Cívico
Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
02/07/2014
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