16.11.15

A propósito da campanha “SOS Cagarro”



A propósito da campanha “SOS Cagarro”

Desde 1993 que me encontro, com mais ou menos intensidade, envolvido tanto na campanha “SOS Cagarro” como na que lhe deu origem, a campanha “A Escola e o cagarro”, por ter sido na altura a pessoa que nos Amigos dos Açores mais contatava com o Eng. Luís Monteiro, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, o criador de ambas.

Com a minha saída da direção dos Amigos dos Açores e sobretudo após a governamentalização da campanha, onde para além do número crescente de voluntários passou a existir a participação de funcionários públicos ou de empresas criadas pelo Governo Regional, achei que estava na altura de diminuir a minha colaboração, dando lugar a outros.

Mas como um ativista nunca está bem consigo próprio se ficar inativo, sempre que posso ou me é solicitado nunca nego o meu contributo, quer através da sensibilização dos mais novos, quer na recolha de cagarros e na sua devolução ao mar.

Tal como tem acontecido em anos anteriores, este ano, no passado dia 12 de novembro, voltou a cair um cagarro na Escola Secundária das Laranjeiras, o qual, tal como é habitual, me foi entregue para posterior libertação, no dia seguinte.

Não perderia tempo a relatar este caso se a presença do cagarro numa sala de aula não despertasse a curiosidade de alguns alunos que nunca tinham visto um, o medo de outros e a manifestação de muito desconhecimento acerca do seu comportamento, de que é exemplo a ideia, muito espalhada, de os cagarros não conseguirem ver de dia.

Na ocasião, alguns alunos informaram que ao tentarem fazer com que um cagarro voasse lançaram-no ao ar num lugar alto e ele acabou por cair e morrer e também fiquei a saber que outros achavam uma boa ideia a domesticação do cagarro.

Face ao exposto, achei que deveria utilizar cinco minutos da aula para dar a conhecer um pouco da campanha “SOS cagarro”, para explicar que seria um disparte domesticar um cagarro e para divulgar o que fazer quando se encontra um cagarro em terra e todos os passos a dar até à sua libertação.

Na ocasião também tive a oportunidade de referir que uma das formas de poluição é a luminosa e que esta constituiu uma grande ameaça para as aves marinhas, sendo a atração dos cagarros pela iluminação pública, dos campos de futebol, etc. uma das principais causas da queda dos cagarros em terra.

Espero que o que se perdeu em química se tenha ganho em participação cívica e que a semente lançada germine.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30786, 17 de novembro de 2015, p.16)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.