22.3.16

Oliveira San-Bento e a proteção dos animais


Oliveira San-Bento e a proteção dos animais

José de Oliveira San-Bento (1893-1975), advogado, jornalista e poeta de reconhecido mérito, interessou-se pela causa dos animais quando era estudante de direito, tendo aderido à Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, onde, segundo a Profª. Doutora Maria da Conceição Vilhena, militou “ativamente, em prol do desenvolvimento das qualidades de coração”, pelo menos durante 30 anos.
Pouco sabemos acerca do seu trabalho em prol dos animais, apenas temos a informação de que fez parte da direção da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais eleita a 5 de janeiro de 1936 e que fazia parte da mesma direção em 1945, ano em que fez-se representar por Maria Evelina de Sousa, na última reunião a que assistiu Alice Moderno.
Sobre o seu pensamento sobre a causa dos animais, o texto da sua autoria “Proteção aos animais”, publicado n’A Folha nº 667, de 20 de Novembro de 1916, é bastante elucidativo e, infelizmente não perdeu atualidade.
Segundo ele a causa principal para os atos de barbaridade para com os animais domésticos é a “educação do nosso povo e na imperfeitíssima orientação que se dá à infância em casa e nas escolas e à mocidade”.
No seu texto, Oliveira San-Bento manifesta-se contrário a quem aponta, às doutrinas religiosas, a causa das ações bárbaras contra os animais. Diz ele que “ a não ser nas religiões que precisam de vitelos para aplacar a ira de um deus terrível e que chegam ao canibalismo e à antropofagia, não nos parece, em nome da verdade o dizemos, que se aconselhe a guerra aos animais no protestantismo ou no catolicismo”.
Depois de descrever algumas situações lamentáveis a que estavam sujeitos os animais de tiro, Oliveira San-Bento escreve: “Este quadro assim, simples, é de molde a revoltar uma alma bem formada, a menos que se resuma a bondade só em amar os nossos semelhantes, o nosso próximo, o que não nos parece, porque ninguém se deve considerar bom, sem que as suas boas qualidades se manifestem também para com os animais”
Por fim, no texto que vimos citando, o autor apresenta uma sugestão, que pela sua atualidade aqui divulgamos:
“Não se faz na escola a festa da Árvore para educar as crianças no culto à nossa amiga vegetal? Assim também seria louvável aquela que se fizesse preconizando o amor pelos animais, para fazer compreender ao povo que é um dever ser grato aos seus serviços”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30891 de 22 de março de 2016, p 15)

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