12.5.09

CARTA ABERTA AOS DEPUTADOS DO PARTIDO SOCIALISTA

SOBRE A PROPOSTA DE INTRODUÇÃO DAS “SORTES DE VARAS”


CARTA ABERTA AOS DEPUTADOS
DO PARTIDO SOCIALISTA

No presente mês, vai ser votada na ALRA uma proposta estimulada pelo deputado do PPM, Paulo Estêvão, que fazendo caixa de ressonância da Tertúlia Tauromáquica da Terceira e junto com alguns deputados da mesma ilha, lá foram “fazendo a cabeça” de outros colegas, que se esquecendo da elevada responsabilidade pública de pugnarem pela boa imagem e reputação dos Açores, no seu todo, e de respeitarem a maioria dos Açorianos, que suportaram as suas eleições, lá subscreveram a dita proposta.
CONTRA ESSA PROPOSTA SE REVELA PUBLICAMENTE O PRESIDENTE CÉSAR, TANTO NO REPÚDIO PELA CAUSA SANGUINÁRIA QUE ELA DEFENDE, COMO- EVIDENTEMENTE-- NO MAU USO QUE PRETENDEM FAZER DO NOVO ESTATUTO DOS AÇORES, QUE TANTAS LUTAS E DEMANDAS TEVE DE TRAVAR PESSOALMENTE PARA O CONSEGUIR, CONSISTINDO, COMO DISSE: --"NUMA VITÓRIA HISTÓRICA DA AUTONOMIA DOS AÇORES."
Como podem ler, na comunicação social (Açoriano Oriental, de 30/04/09 e Jornal a União, de 01/05/2009) Carlos César, é totalmente contra a introdução das "sortes de varas nos Açores", e é claro que se sente incomodado com a dita proposta e, para bom entendedor, é seu desejo que os deputados do seu partido votem contra, caso contrário não daria a sua opinião abertamente nesta fase, não desagradando assim ao dito grupo da Terceira, podendo simplesmente emanar recomendação de liberdade de voto. Se o presidente do GRA, não quisesse mostrar que a proposta das "sortes de varas" lhe desagrada, é descabida e considera que deve ser derrotada, mostrava a "neutralidade desresponsabilizante" como o fez Berta Cabral, querendo assim, agradar as "duas partes", mas desagradando a todos, principalmente à maioria dos açorianos, que como se sabe é contra.
Mais uma vez, como é seu apanágio, César foi corajoso, coerente e defensor dos valores dos açorianos, estando ao lado deles, ao mesmo tempo que revela um elevado sentido de “estado”, ao ter em conta o interesse específico da Região no seu todo, quando expressou sua opinião.
Diz mesmo, expressamente, que não é intenção e querer do Governo alterar o regime das práticas tauromáquicas existentes nos Açores (e nós também não), assumindo que o GRA, não deseja as "sortes de varas", pois está bem ciente da contraproducência desta prática na divisão dos açorianos e para a boa reputação dos Açores.

NÃO FAÇAM “CONTRA-GOVERNAÇÃO” E SEJAM FIÉIS À “POSIÇÃO”.

Haja lealdade com o Senhor Presidente, com o GRA e sobretudo com os Açores, pois a maioria dos Açorianos não quer a tortura de toiros, e respeitem o enorme esforço que Carlos César teve na vitória do novo Estatuto, não se devendo permitir que seja estreado, com a viabilização de uma proposta que ele não concorda e que o GRA, não quer

- HAJA LEALDADE, RESPEITO E RESPONSABILIDADE CÍVICA E POLÍTICA!

O Documento veicula o sentir dos Açorianos de Santa Maria ao Corvo, tendo estado todos ao lado de quem se esgrimiu ousadamente - COMO O PRESIDENTE CÉSAR - na fase da sua aprovação, lutando contra resquícios do centralismo que votou os Açores, ao esquecimento, ao ostracismo e ao subdesenvolvimento, advenientes de uma “condução à distância” de feição colonialista.
Se é de sentir orgulho de termos à cabeça da nossa governação pessoas que lutaram tenazmente por um documento que dá um pouco de “mais corda” à auto-condução do destino dos Açores pelos Açorianos e pela União Açórica conseguida à sua volta, é de ficar estarrecido, que logo à saída de tão nobre Documento, que deverá ser “rendido” para o interesse global dos Açores, sua evolução, boa imagem e acreditação nacional e internacional, venha a lume, por parte de um grupo de aficionados tauromáquicos da Terceira, a “saída” que ele permitirá para a introdução, nos Açores da sanguinária tourada com “sorte de varas”, prática oriunda de Espanha sem qualquer tradição no arquipélago.

É vergonhoso!

E muito mais vergonhoso e preocupante se torna, porque A ESSE GRUPO SE COLARAM DEPUTADOS DO PS, QUE SABEM O TANTO QUE O PRESIDENTE LUTOU PELO ESTATUTO. Despiram-se das suas responsabilidades sociais e políticas, e, ainda na frescura deste Documento, de teor central para os Açores, que deverá permitir o espelho do bons exemplos e das descriminações positivas face ao Continente, venham reivindicar, em colagem ao Paulo Estêvão, a estreia do mesmo para facultar a legalização de uma prática de tortura e desrespeito para com os animais e a vida, de incivilidade gritante e de total desinteresse público e específico para a Região.
O Estatuto Politico Administrativo dos Açores, como documento de referência do Arquipélago, que teve um elevado empenho pessoal do Presidente César, deverá servir para espelhar positivamente os Açores, até para justificar perante os opositores a justeza da luta travada em prol do seu enriquecimento e avanço, e, fundamentalmente, para permitir soluções globais de clara vantagem regional, que unam e não dividam os Açorianos.
Apela-se ao bom senso e à responsabilidade dos deputados, sobretudo do Partido Socialista, assim como ao respeito e à consideração da confiança dos açorianos e responsabilidade que o PS tem na Região, acima de qualquer outro partido, aquando da votação da proposta.
Mesmo aqueles poucos que subscreveram a proposta, não lhes deverão dar voto favorável, mostrando aos açorianos que o fizeram, -- embora mal -- para viabilizarem democraticamente a sua discussão e não a sua aprovação.
Outra atitude os açorianos não esperam de deputados responsáveis, a quem confiaram seus votos, em depósito de confiança para representarem a vontade colectiva e não particularizada de facções com gostos sádicos e interesses específicos.
O Bloco de Esquerda e a CDU, já expressaram publicamente essa responsabilidade cívica, social e política, o mesmo devendo acontecer pelo PS, de forma acrescida, pois foi nesse partido que a maioria dos açorianos confiou nas urnas, sendo igualmente a larga maioria deles, tal como Carlos César, que não quer a torturante “sorte de varas” na Região, nem o seu nobre Estatuto “manchado de sangue”.
Viabilizar a introdução das “sortes de varas” nos Açores, seria uma derrota para a esquerda açoriana, e fundamentalmente para os Açores, saindo como único vitorioso o Paulo Estêvão e o lobbie que ele veicula, porquanto foi o PPM que deu rosto cimeiro à proposta, é reconhecido como pai da mesma, e é o partido que perfila na sua defesa em debates televisivos.
Senhores deputados, peço-vos encarecidamente, pela civilidade, pelos animais, pelos Açores, pelos açorianos e em respeito pelo nosso Presidente, que não permitam uma triste nódoa no nosso arquipélago, já tão bem reputado turística e ambientalmente, dando vitória a esse senhor que tanto tem “malhado”, despudoradamente, no PS e no Governo dos Açores.
Os açorianos, pelos seus valores humanistas, não perdoarão ao PS, a viabilização dessa pretensa regressão civilizacional nos Açores, nem a traição do seu sentir maioritário, por parte daqueles, que legitimaram para lhes dar essa voz.


José Andrade Melo, Santa Maria

Colectivo Açoriano de Ecologia Sociale votante de sempre no PS

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