28.12.11

Parlamentar ou para lamentar?




1- Falsear a história

Infelizmente não é apenas no que diz respeito à indústria tauromáquica que há quem pretenda alterar a história, ignorando as fontes ou deturpando os factos, para adequá-la às ideologias ou aos interesses dos que, hoje, dominam as sociedades.

Para que os historiadores das touradas não digam que não sabiam, abaixo divulgamos um texto de Alfredo da Silva Sampaio (1872 - 1918) que foi um médico açoriano que se notabilizou como naturalista, como fundador do primeiro posto de observação meteorológica na ilha Terceira e autor de uma vasta obra sobre a história, a geografia e a história natural daquela e que se insurgiu contra o barbarismo das touradas à corda, que na sua altura eram muito mais violentas/desumanas do que são hoje.

Sobre os promotores das touradas à corda, Alfredo Sampaio escreveu o seguinte:
“Ou são os impérios que promovem este divertimento público, ou qualquer influente político que, querendo ser grato aos seus amigos, promove e concorre com a maior parte das despesas.”

Terá sido para manter a tradição dos políticos financiarem as touradas que a ALRAA- Assembleia Legislativa Regional dos Açores decidiu organizar uma?

2- Tourada parlamentar

Como foi amplamente divulgado pela comunicação social, dos Açores, a integração de uma tourada à corda no programa das comemorações do Dia dos Açores, do presente ano, foi contestada por muitos cidadãos não só dos Açores, mas também do continente português e do estrangeiro.

Mas não foram só os cidadãos ditos comuns que criticaram aquela ideia/acção peregrina, que terá partido de algumas pessoas, muito bem conhecidas e que pouco adeptos eram de touradas, pelo menos na sua juventude. Com efeito, foram também contestadas por alguns deputados que não compareceram ao evento.

Sabe-se, também, que num sistema “partidocrático”, como o nosso, a democracia não passa de uma miragem e a independência dos deputados é um sonho que alguns gostariam de ter e que outros nem por isso, pois nasceram para serem submissos aos aparelhos partidários. Assim, para agradar às chefias e para não perderem um bom lugar nas listas de candidatos nas próximas eleições regionais, alguns deputados correram, a bom correr, para a dita tourada.

Ao que conseguimos apurar, os cerca de 350 (trezentos e cinquenta) e-mails enviados aos diversos deputados mencionavam que a Região estava “a subverter o seu papel, promovendo e instigando a violência e a discriminação e a fomentar a discórdia e a desunião, entre os açorianos, quando opta por esbanjar dinheiro público num espectáculo que cada vez mais pessoas contestam” e acrescentavam “quando o movimento pelos direitos dos animais - como já foi o das mulheres, dos negros, das crianças, dos velhos, dos deficientes - em todo o mundo ganha expressão e força, nos Açores perde-a” e terminavam “os Açores, como destino turístico de excelência, nomeadamente na sua ligação com a natureza, não pode pactuar com actividades que prejudicam o desenvolvimento dum turismo de qualidade ligado ao respeito pelos animais e valores naturais”. Além disso, os cidadãos que enviaram os e-mails para além de solicitarem para que os deputados manifestassem o seu repúdio pela realização da tourada no Dia dos Açores pediam para que os mesmos não comparecessem ao acto.

Espantados ficamos quando tomamos conhecimento de que o presidente da ALRAA havia considerado o primeiro e-mail como uma petição e os restantes como subscrições da referida petição. Será que ele (ou os seus serviços) teve o cuidado de verificar se o teor das mensagens era o mesmo?

Não se tratando quanto a nós de qualquer petição, a única razão que descortinamos para o que foi feito, terá sido uma eventual falta de “trabalho” por parte dos deputados que integravam a Comissão de Assuntos Sociais da ALRAA que, apesar de tudo, não deverão ter dispendido muita energia para chegar à conclusão de que a putativa petição não cumpria os requisitos necessários para o efeito, isto é não era endereçada ao Presidente da Assembleia, não indicava o nome completo do subscritor e o nome de documento de identificação válido e o respectivo domicílio.

Enfim, pura perda de tempo o que é inadmissível nos dias que correm.

Teófilo Braga

(Correio dos Açores, nº 27019, p.14, 28 de Dezembro de 2011)

24.12.11

Boas Festas




Um Feliz Natal e um Bom Ano Novo cheio de campanhas e de êxitos a favor do ambiente das pessoas e dos animais.

16.12.11

«BISPO CONDENA E PEDE A ABOLIÇÃO DA CORRIDA DE TOUROS»




Não, infelizmente, isto não é em Portugal.

Em Portugal os bispos estão calados. Coniventes com a barbárie. Cúmplices do espectáculo sádico, que é o Massacre de Touros (vulgo Tourada).

Este é o título de uma notícia, de outro país, que tal como o nosso, ainda não se libertou das trevas, mas onde a Igreja Católica toma posição.

Eis a notícia traduzida, para ser melhor compreendida:

«São numerosas as declarações de membros da Igreja Católica que vêm condenando as corridas de touros. Uma delas é a do Secretário do Vaticano, Bispo Pietro Gasparri que em 1923, disse: “Embora a barbárie humana ainda persista nas corridas de touros, a Igreja continua condenando em voz alta estes sangrentos e vergonhosos espectáculos, como o fez Sua Santidade o Papa Pio V”.

«Recentemente, em Novembro de 2011, o Bispo de Maracaibo, na Venezuela, manifestou-se, dizendo: “Os maus-tratos de animais são um triste e lamentável prolongamento que os seres humanos se infringem mutuamente, e dos quais as mulheres, as crianças e os idosos são as principais vítimas”».
Mais adiante o mesmo Bispo disse: «Como poderemos erradicar do mundo a crueldade e os maus-tratos se nós próprios os apoiamos num espectáculo para divertir o povo?»

«Não obstante, na Colômbia e no mundo, são muitos os que se dizem católicos, e de manhã vão à missa e, de joelhos, rogam pela paz, pela vida, pelo amor, pelo respeito, e à tarde assistem a um dos espectáculos mais cruéis e esvaziados de valores como são as violentas corridas de touros».
Estas declarações podem ser ouvidas através do seguinte link:

https://www.facebook.com/#!/photo.php?v=2895565034196
SENHORES BISPOS PORTUGUESES, PARA QUANDO UMA TOMADA DE POSIÇÃO PÚBLICA, DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS, NO SENTIDO DA ABOLIÇÃO DA TORTURA DOS TOUROS E DOS CAVALOS NAS ARENAS PORTUGUESAS?

Fonte: http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/67265.html

11.12.11

Veterinário escreve sobre o sofrimento do cavalo e do touro




Percurso do touro usado para toureio.

Um exemplo: vive uns 4 anos bem na campina, espaço largo e com boas condições. Desenvolve-se. Um dia alguém decide escolhê-lo para a lide numa tourada. Enxotam-no, com ou sem medicação, para uma manga e enfiam-no numa caixa apertada onde mal se pode mexer. O stress da claustrofobia é tremendo, ao passar da liberdade e tranquilidade da campina para o caixote, onde fica confinado. A seguir acresce a ansiedade/pânico do transporte. Depois a espera, provavelmente, com pouco ou nenhum alimento e bebida. Talvez sendo injectado, a ponta dos cornos cortada até ao vivo e muito enervado, ficando extrema e dolorosamente sensível ao contacto. Mais tarde, a condução ao curro da praça de touros. Empurrado depois para a arena = beco cruel sem saída, suportando logo o enorme alarido, que ainda o assusta mais. Depois a provocação, o engano, o cravar dos ferros, que o ferem através da pele, aponevrose, mais ou menos músculo, tendão e, por vezes até pleura e pulmão (meu testemunho) e o fazem sangrar e sofrer. Tudo isto o enfurece, o magoa, o deprime e o esgota. Depois é retirado com as “chocas”. Brutalmente, tal como foram cravados, os ferros são agora retirados. Depois o sofrimento cresce pela dor provocadas pelos ferimentos, infectando e provocando febre, animicamente derrotado, até que o abate liberte de tamanho sofrer esta desgraçada vítima dos chamados humanos, “corrido” e torturado unicamente para diversão de aficionados, alimentar de vaidades, de negócios de tauromáquicos e no prosseguimento de uma cruel tradição.
É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando tauromáquicos e ganadeiros afirmam serem as pessoas que mais gostam dos touros.
Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.


Percurso do cavalo usado para toureio
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É um animal de fuga, que procura a segurança e que a atinge pondo-se à distância daquilo que desconfia ou que considera ser perigoso. Defende-se do agressor próximo com o coice e por vezes com a sapatada do membro anterior, se for mais afoito ou considerar o perigo menor.
No treino e na lide montada, ele é dominado pelo cavaleiro com ferros mais ou menos serrilhados na boca (freio, bridão) mais ou menos castigadores e incitado de tal maneira pela voz e por outras acções, chamadas hipocritamente de “ajudas”, como sejam de esporas que são cravadas provocando muita dor e até feridas sangrentas.
Ele é impelindo para a frente para fugir à acção das esporas, devido à dor que elas lhe provocam e a voltar-se pela dor na boca e pelo inclinar do corpo do cavaleiro .
Resumindo: o cavalo é obrigado a enfrentar o touro pelo respeito/receio que tem do cavaleiro, que o domina e o castiga, até cravando-lhe esporas no ventre e provocando-lhe dor e desequilíbrio na boca. Isso transtorna-o de tal maneira, que o desconcentra do perigo que o touro para ele representa de ferimento e de morte e quase o faz abstrair disso.
É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando cavaleiros tauromáquicos afirmam gostarem muito dos seus cavalos e lhes quererem proporcionar o bem estar.
Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.

Vasco Reis, médico veterinário

4.12.11

Eles não desistem da Sorte de Varas e nós não desistimos de a combater




O incremento da tortura animal é um objectivo que não sai da cabeça de alguns. O nosso papel é lutar para que tal não aconteça.

A leitura do texto abaixo é muito útil para quem não desiste de lutar pelos direitos dos animais.


TAUROMAQUIA EM PORTUGAL

Importa debater a questão da Tauromaquia em Portugal, abordando-a com toda a objectividade e publicitar este debate, para que os portugueses compreendam bem do que se trata e formem uma opinião sobre a sua utilidade, o seu mérito ou demérito e a sua aceitação ou repúdio.
Para isso é preciso argumentar profunda, científica, ética, cultural, socialmente.

O touro é o elemento sempre massacrado da tauromaquia, desde intensa prolongada ansiedade, repetidos e dolorosos ferimentos, esgotamento anímico e físico e quase sempre a morte em longa agonia.
O cavalo, dominado e violentado pelo cavaleiro tauromáquico é o elemento obrigado a arriscar tudo e a sofrer perante o touro, desde ansiedade, ferimento físico até a morte.

Estes factos, inegáveis e indissociáveis da tauromaquia, seriam suficientes para interditar a sua existência numa sociedade culta, consciente, pacífica e compassiva.

É esta a opinião dos abolicionistas, que dispõem de imensos argumentos ditados pelo senso comum e confirmados pela ciência.

Da parte dos tauromáquicos e dos seus aficcionados colhem-se argumentos falaciosos,
não ditados pelo senso comum, não confirmados pela ciência, baseando-se na tradição, no gosto pelo “espectáculo”, em interesses económicos, omitindo praticamente (ignorado ou não) o sofrimento sempre presente destes condenados a serem “actores” à força - o touro e, no toureio montado - o cavalo.

Na verdade, plantas não têm sistema nervoso, não têm sensibilidade, não têm consciência.
Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga para poderem sobreviver. Sem essas capacidades não poderiam sobreviver.
Portanto, medo e dor são essenciais e condição de sobrevivência.
É testemunho da maior ignorância ou intenção de ludíbrio o afirmar que algum animal em qualquer situação possa não sentir medo e dor, se for ameaçado ou ferido.
A ciência revela que a constituição anatómica e a fisiologia do touro, do cavalo e do homem são extremamente semelhantes. Os ADN são quase coincidentes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento.
O senso comum apreende isto e a ciência o confirma.

O especismo é uma atitude que, arrogantemente coloca o Homem numa posição de superioridade, que lhe permite dispor sobre os animais como entender.
A compaixão selectiva visa tratar bem certas espécies (em geral cães e gatos) e menos outras, quase consideradas como objectos.
Os animais não humanos são considerados menos inteligentes do que os seres humanos. Podem estar mais ou menos próximos e mais ou menos familiarizados connosco, mas eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo ao susto e à dor.
É, portanto, nosso dever ético não lhes causar sofrimento desnecessário.
"A compaixão universal é o fundamento da ética" - um belo pensamento do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.

A tauromaquia está eivada de especismo sobre o touro e sobre o cavalo.
O homem faz espectáculo e demonstração da sua "superioridade" provocando, fintando, ferindo com panóplia de ferros que cortam, cravam, atravessam, esgotam, por vezes matam o touro, em suma lhe provocam enorme e prolongado sofrimento, para gaúdio de uma assistência que se diverte com o sofrimento, a agonia e morte de um animal.
Isto é comparável aos espectáculos de circo romano, há muito considerado espectáculo bárbaro, onde escravos e cristãos eram obrigados a lutarem e matarem-se uns aos outros ou eram atirados aos leões para serem devorados.
O cavalo é dominado com ferros castigando as gengivas bucais e por esporas mais ou menos agressivas, até cortantes, no ventre.
Esta montada é posta em risco de mais ferimento e de morte pelo cavaleiro tauromáquico, que o utiliza como veículo para combater e vencer o touro.
O sofrimento do cavalo soma-se aqui ao do touro.

Na tauromaquia, touro e cavalo são excluídos de qualquer compaixão, antes pelo contrário estão completamente submetidos à violência e ao sofrimento.
E o espectáculo é legal em Portugal, publicitado e mostrado na comunicação social, aclamado, fonte de negócio.

Mas nesta “arte” não são somente touros e cavalos que sofrem.
São muitas as pessoas conscientes e compassivas, que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti-educativa, fonte de enorme vergonha para o país, atentório de reputação internacional, obstáculo dissuassor do turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem!

Com certeza que existem boas e inócuas alternativas para os aficcionados, para os trabalhadores tauromáquicos, para os "artistas", para os campos e para os touros e cavalos.
Será positivo para os aficcionados irem ver e até pagar bilhete para assistir ao sofrimento de animais?
Chamar arte à tauromaquia e compará-la ao ballet, ao teatro, etc é falacioso.
Afirmar comparativamente que o ballet também provoca dor é infeliz e despropositado.
O que se assiste no enredo do teatro, de uma peça de ballet é representação, sem provocação real, sem ferimento, sem morte e os actores estão ali voluntariamente.
Porque fazem sofrer os animais os chamados “artistas”? Dar-lhes-à isso algum gozo?
Será isso admirável, corajoso, heróico?
Porque não fazer o espectáculo teatralmente e com o belo aparato visual e musical, mas sem os touros e sem o sofrimento animal?
Eu seria espectador para isso.
Os campos podem ser utilizados de outro modo e continuar a serem subsidiados.
A raça pode ser mantida sem a cruel tauromaquia e continuar a ser subsidiada.
Os trabalhadores, campinos e ganadeiros podem continuar o seu trabalho.
Os forcados, cujo papel só surge depois do touro ter sido massacrado previamente, podem dedicar-se a actividades ou desportos onde valentia, luta corpo a corpo são fulcrais, como box, luta livre e outros e acrescidos de espírito de grupo, como o rugby, por exemplo.

Creiam, que eu tenho conhecimentos e experiência para escrever este texto.
Sou médico veterinário desde 1967. Estudei em Portugal e na Alemanha. Trabalhei na Suíça 7 anos, na Alemanha 10 anos, nos Açores 3 anos (na Praia da Vitória, Ilha Terceira, onde existe aficcion e onde tive de intervir obrigatoriamente no acompanhamento dos touros nas touradas, na minha qualidade de médico veterinário municipal), 22 anos em Aljezur em Portugal Continental.
Trabalhei sempre com gado bovino e cavalos.
Fui cavaleiro de concurso hípico completo e detentor de 2 cavalos polivalentes. Conheço bem cavalos, a sua personalidade e as suas aptidões.
Fui entusiástico jogador de rugby durante 3 anos, o que interrompi por acidente, que me impossibilitou a continuação da prática.
Aconselho, pela sua superior qualidade, alguns vídeos extremamente informativos, muito influentes no processo que teve lugar no Parlamento da Catalunha.

Vasco Reis, médico veterinário municipal aposentado
30 de Setembro de 2011

13.11.11

Ética e Touradas



O Boletim da Ordem dos Advogados, dando largas a uma surpreendente "aficion", publicou no seu último número quatro artigos sobre tauromaquia em que, com excepção do primeiro, da autoria de Silvério Rocha Cunha, que é imparcial, os três restantes, escritos por óbvios aficionados, procuram esforçadamente justificar a festa brava. Mas o entusiasmo do Boletim pelo espectáculo de touros é tal que foi ao ponto de acolher nas suas páginas um panegírico da tourada da autoria de um conhecido aficionado cuja profissão é de médico veterinário (!).

O elogio da festa brava num boletim da Ordem dos Advogados parece-me totalmente deslocado e desqualifica a revista. O Boletim fez-se para debater assuntos que possam interessar os advogados mas nunca para apoiar o lobby dos touros num debate que divide a sociedade portuguesa mas que não interessa particularmente aos advogados (com excepção de alguns aspectos jurídicos que praticamente não foram abordados).

De qualquer modo, para que não fiquem sem resposta os principais argumentos dos aficionados, vou tentar comentá-los nas linhas que se seguem.

O movimento universal de protecção dos animais corresponde a uma exigência ética e cultural universal, consagrada na Declaração Universal dos Direitos do Animal (1978), em numerosas convenções internacionais e em centenas de leis, incluindo leis constitucionais, dos países mais adiantados.

Nas suas diversas formulações todos esses diplomas têm um denominador comum: a preocupação com o bem-estar dos animais envolvendo antes de mais, a condenação de todos os actos de crueldade; mas além dessa preocupação, um número cada vez maior de correntes zoófilas defende o reconhecimento aos animais de autênticos direitos subjectivos.

O debate sobre esses temas, iniciado aquando do arranque da era industrial, na segunda metade do séc. XIX, ampliou-se a partir da criação, após a última grande guerra, das grandes instituições europeias e mundiais (Conselho da Europa, União Europeia e UNESCO) e actualmente trava-se em várias universidades onde se ministram cursos sobre os direitos dos animais (é o caso das Universidade de Harvard, Duke e Georgetown nos Estados Unidos e de Cambridge, na Inglaterra). Numerosos e qualificados autores têm intervindo nesse debate, iniciado com as obras pioneiras dos já clássicos Tom Reagan e Peter Singer. Em Portugal a discussão tem decorrido sobretudo na Faculdade de Direito de Lisboa graças designadamente aos contributos de António Menezes Cordeiro e Fernando Araújo e ainda nas Faculdades de Direito da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade de Coimbra. Como nota Fernando Araújo em A Hora dos Direitos dos Animais, a bibliografia sobre este tema compreende actualmente cerca de 600 títulos (!).

Não se trata, portanto, de um assunto esotérico cultivado por uns tantos iluminados vegetarianos mas sim — tal como os direitos do homem — de uma componente muito importante da cultura ocidental; a tal ponto que a obrigação para os Estados da União Europeia, de garantirem o bem-estar animal está hoje formalmente consagrado em protocolo vinculativo anexo ao Tratado de Amesterdão.

Não há tempo, neste artigo, que tem como tema as touradas, para entrar no debate sobre os direitos dos animais. Partamos, por isso, de uma conclusão em que todos esses autores — mesmo os que não aceitam a atribuição de direitos aos animais — convergem: a de que são absolutamente contrários à ética os actos de crueldade gratuita para com os animais.

Esta é sem dúvida uma conclusão pacífica não só para os zoófilos mas também para o homem comum em geral e até para os próprios aficionados. Com efeito, se se perguntar a qualquer pessoa (incluindo aficionados de touradas, organizadores de combates de cães e de tiro aos pombos, etc.) se concordam que se torturem animais, é praticamente certo que responderão pela negativa. E no entanto, contraditoriamente, torturam ou organizam a tortura de touros, de cães e de pombos.

O óbvio sofrimento dos touros
É óbvio que os touros sofrem quer antes, quer durante, quer após as touradas. A deslocação do animal do seu habitat, a sua introdução num caixote minúsculo em que ele se não pode mover e onde fica 24 horas ou mais, o corte dos chifres e as agressões de que é vitima para o enfurecer; ao que se segue a perfuração do seu corpo pelas bandarilhas que são arpões que lhe dilaceram as entranhas e lhe provocam profundas e dolorosas hemorragias; e finalmente, na tourada à portuguesa, o arranque brutal dos ferros; e tudo isto já sem se referir a tortura das varas e do estoque na tourada à espanhola — representam sem quaisquer dúvidas sofrimento intenso e insuportável para um animal tão sensível que não tolera as picadas das moscas e as enxota constantemente com a cauda quando pasta em liberdade.

A SIC exibiu há tempos um documentário sobre o que se passa na retaguarda das touradas. Quando chegou à fase final do arranque das farpas o funcionário da praça não permitiu a filmagem por a considerar demasiado impressionante. Mas pudemos ouvir os horrendos uivos de dor que o animal emitia do seu caixote exíguo e que eram de fazer gelar o sangue dos telespectadores.

Na tourada à espanhola com picadores o quadro ainda é mais cruel: o touro é perfurado ainda mais profundamente pela comprida e afiada ponta da "puya" que lhe rasga a pele, os músculos e os vasos sanguíneos, provocando-lhe intencionalmente uma dor intolerável e uma abundante hemorragia, enquanto um cavalo, de olhos vendados, é corneado pelo touro enraivecido e com frequência derrubado e ferido — e tudo isto para gáudio de uma multidão que a cada novo ferro cravado e a cada nova e mais profunda perfuração da vara, vibra com um gozo em que a componente sádica é óbvia.

Perante a evidência de que o touro sofre — e sofre intensamente — ao ser toureado, os aficionados desdobram-se em atabalhoadas tentativas de justificação que não obedecem a um mínimo de razoabilidade, atingindo algumas vezes as raias do surrealismo.

É o que faz Joaquim Grave no artigo publicado no Boletim ao afirmar que "só se pode pronunciar sobre os aspectos éticos da tourada quem conhece o espectáculo". Conclusão esta que, salvo o devido respeito, é completamente absurda, certo como é que os aspectos cruéis acima referidos são óbvios para quem quer que os presencie não sendo necessário estudar tauromaquia para chegar à conclusão de que o touro é objecto de grande sofrimento ao ser farpeado e estoqueado.

Ética e tortura dos touros
Afirma ainda Joaquim Grave que "na corrida existe uma certa ética na relação homem/animal, ou, por outras palavras, e contrariamente ao que afirmam os que a não conhecem, na corrida o touro não é tratado como uma coisa, já que não se lhe pode fazer qualquer coisa indiscriminadamente".

Falar em ética para justificar a cruel agressão, com perfuração por ferros, a um animal abruptamente arrancado ao seu habitat é um absurdo, um "nonsense". Absurdo esse que atinge os limites do surrealismo ao sustentar-se que, no domínio do tratamento cruel, haveria crueldades que a ética permite (as farpas, a puya, o estoque) e outras que a tal ética não autorizaria. Como não se exemplifica de que crueldades se trata suponho que o autor se queria referir, por exemplo, às bandarilhas de fogo ou a cravar farpas nos olhos do touro.

Tudo isto é absurdo. A ética exige que não se inflija qualquer sofrimento cruel ao touro, ponto final. Se esse sofrimento resulta dos ferros cravados ou de qualquer outra coisa "que não é costume executar nas touradas", é um aspecto completamente irrelevante à luz da ética e insustentável em face da razão e do bom senso.

Tentando de novo invocar a ética para justificar a barbárie da tourada, Joaquim Grave mais adiante afirma que "a ética touromáquica é pois a seguinte: respeita-se a natureza do touro, combatendo-o, pois é um animal de combate".

Uma vez mais estamos perante um falso argumento em que a má-fé é evidente: o touro é um animal inofensivo quando no seu habitat; mas é evidente que tem, como todos os animais, o instinto de defesa que o leva a atacar quando agredido. Ele é vítima de uma maquinação cruel de quem o retira do seu habitat, o encerra numa praça e depois o agride cravando-lhe ferros.

A conclusão do artigo está à altura da argumentação: "sendo o touro um ser por natureza bravo, ele realiza o seu grande bem lutando, ele realiza a sua natureza de lutador na luta e ele realiza-se plenamente a ele próprio na corrida e pela corrida".

Lê-se e não se acredita: o infeliz touro, que é levado à força de seu habitat e depois perfurado com farpas, com a "puya", ou estoqueado, que quando não é morto acaba a tourada com feridas profundas e pastas de sangue a escorrer pelo lombo, esse sacrificado animal seria afinal uma espécie de bombista suicida, que se realizaria plenamente pelo seu próprio sofrimento e morte em combate...

Estamos aqui uma vez mais no reino do absurdo. Como é óbvio, ao contrário do bombista suicida, que procura alegremente a morte, o pobre touro, se pudesse falar, diria com certeza que o seu único desejo era nunca sair da lezíria e continuar a pastar pacificamente.


O toureiro — grande defensor dos touros!
Também o Dr. João Vaz Rodrigues, num artigo com pérolas de poesia surrealista, como aquela em que "repudia a hipocrisia de quem sacrifica de bom grado a vida de uma singela flor para preencher emocionalmente um desígnio de vaidade e verbera veementemente o sangue de um animal cujo o destino é exactamente o de morrer na arena", acrescentando "bem sei que a flor não se manifesta da mesma maneira mas morre igualmente sacrificada à emoção", remata com esta frase lapidar: "quem defende o touro é o próprio toureiro e os demais que respeitam a festa. Sem este aquele sofre sérios riscos de extinção".

Ao longo de todo este artigo, além da nostalgia do autor "por já não conseguir assistir à caça à baleia ou aos banhos de espuma sanguinolenta da "copejada" do atum de Tavira" (Freud poderia dar aqui um contributo importante para a explicação de tal "nostalgia") o único argumento que sobressai é o do receio da extinção da espécie taurina caso as touradas acabassem.

Tal como os outros, este argumento não procede, certo como é que, se necessário, se poderia facilmente criar reservas de touros, tal como existem reservas de búfalos.

Resta a pasmosa afirmação de que "quem defende o touro é o próprio toureiro". Na mesma linha de argumentação pode afirmar-se que quem defende a vítima da tortura é o torcionário. Ora aqui está um bom argumento para uso dos advogados defensores dos réus que no Tribunal Internacional de Haia e noutros tribunais são acusados de crimes contra a humanidade: ao torturarem e executarem barbaramente milhares de muçulmanos na Bósnia os torcionários estavam afinal a defender as suas vítimas! É claro que não vale a pena discutir nestes termos de irracionalidade.

Em conclusão, o certo é que nenhum dos aficionados autores dos textos publicados no Boletim da Ordem dos Advogados — como nenhum aficionado em qualquer parte do mundo — conseguiu ou conseguirá jamais demonstrar, de boa-fé, que os touros não sofrem ao serem lidados. Sofrimento esse que não tem qualquer justificação a não ser o prazer sádico e emotivo de quem a ele assiste.

E a confirmação desse sadismo está nesta atitude: quando se propõe a um aficionado que as farpas em vez de terem arpões de ferro tivessem ventosas — como já aconteceu nos Estados Unidos — a sugestão é logo afastada com indignação. O que o aficionado sobretudo quer é ver o sangue, é deliciar-se com o sofrimento do touro.

As touradas ofendem por isso um princípio fundamental da ética que impende sobre qualquer pessoa que se preocupe em pautar os seus actos pelos ditames da moral e da ética.

As touradas foram proibidas em Portugal por Decreto de 1836, da iniciativa do então primeiro-ministro Passos Manuel, por já então, conforme se lê no Decreto, "serem consideradas um divertimento bárbaro e impróprio das nações civilizadas, que serve unicamente para habituar os homens ao crime e à ferocidade".

De então para cá, e apesar do retorno das touradas, o certo é que cada vez mais se acentua a repulsa dos países civilizados por esse barbarismo medieval. Em Portugal, segundo sondagem recente, a percentagem de portugueses que não gosta de touradas é de 74,5 % contra 24,7 que ainda gosta (cf. Público, 26.08.2002).

Tal como os autos de fé, os suplícios e as execuções públicas e outros barbarismos próprios de séculos de obscurantismo — também, a médio prazo, as touradas estão condenadas a desaparecer dos raros países onde ainda são toleradas.


António Maria Pereira

21 de Novembro de 2006

Fonte: http://criticanarede.com/html/ed130.html

9.11.11

Petição A favor da avifauna açoriana e contra a sua inclusão na lista de espécies de carácter cinegético


Para: Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores; Sua Excelência Presidente do Governo Regional dos Açores; Sua Excelência Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores; Suas Excelências Presidentes dos Grupos Parlamentares à ALRAA;

Face ao recente propósito do Governo Regional dos Açores de incluir espécies de aves nativas açorianas na Lista das espécies cinegéticas, através do novo decreto regional - Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Protecção da Biodiversidade, actualmente em discussão na Assembleia Regional, os assinantes desta petição querem chamar a atenção para:

1. A falta de estudos científicos sobre a biologia destas espécies e dos seus habitats. Existe um grande desconhecimento sobre a caracterização genética dalgumas destas espécies, levantando grandes problemas na conservação da sua biodiversidade. Para além disso, os habitats que todas estas espécies ocupam são muito restritos e sensíveis, pelo que qualquer alteração neles poderá ter também grandes implicações na sua conservação. Faltam igualmente estudos sobre a importância que a região desempenha nas migrações de determinadas aves.

2. A falta de atribuição dum estatuto de conservação às aves incluídas nesta lista. Nenhuma das espécies incluídas nesta lista de espécies cinegéticas tem atribuída uma categoria de conservação na região biogeográfica dos Açores, não existindo ainda os estudos científicos necessários para tal efeito. No entanto, atendendo aos critérios internacionais utilizados, parece provável que algumas destas espécies venham a ser qualificadas como espécies ameaçadas (e catalogadas portanto como criticamente em perigo, em perigo ou vulneráveis).

3. A falta de estudos sobre o impacto da caça nestas espécies e os seus habitats. O impacto da caça nas espécies incluídas na lista poderá ser especialmente grave devido às suas muito reduzidas populações e ao facto delas ocuparem habitats, nomeadamente os de alimentação, muito escassos e localizados. A actividade da caça deverá ainda afectar a todas as espécies que ocupam esse habitat, incluídas ou não nesta lista das espécies cinegéticas. E no caso das zonas húmidas, a caça poderá levar à contaminação das águas com chumbo e à aparição da doença do saturnismo.

4. A impossibilidade prática de aplicar esta lista devido à enorme dificuldade de identificar correctamente as espécies. Algumas espécies incluídas nesta lista são quase impossíveis de diferenciar de outras espécies não incluídas nela e que também estão presentes regularmente nos Açores. Isto acontece nomeadamente com várias espécies de patos europeus em relação aos seus equivalentes americanos, e mais ainda em relação às narcejas europeias e americanas.

5. O problema da introdução de espécies exóticas. O facto da lista de espécies cinegéticas incluir também duas espécies de aves exóticas coloca em clara perspectiva a introdução destas no meio natural. Introduções deste tipo, já realizadas no passado, parecem ignorar os riscos associados às espécies exóticas num meio tão particularmente frágil como o meio insular açoriano. As espécies e variedades exóticas podem causar, como no caso das codornizes, graves problemas de hibridismo e de diminuição do património genético das espécies nativas, para além de introduzir também agentes patogénicos.

6. A necessária aposta no turismo de observação de aves. O arquipélago dos Açores é uma região privilegiada para a observação de aves migratórias americanas e europeias (mais de 400 espécies observadas nos últimos anos) e tem enormes oportunidades para o desenvolvimento do turismo de observação de aves (birdwatching), já em franca expansão. Este tipo de turismo traz inúmeras vantagens económicas para a Região: é uma actividade repartida por todas as ilhas; acontece principalmente durante os meses de outono e inverno; é um turismo verde e sustentável, quase sem impacto no ambiente; e injecta dinheiro de fora da Região na economia das ilhas. Mas este turismo, como é evidente, é incompatível com a permissão da caça das espécies da avifauna açoriana.

Assim, os assinantes desta petição solicitam:


- A não inclusão das espécies de aves nativas (reprodutoras ou visitantes) na lista de espécies de carácter cinegético dos Açores.
- A não introdução de espécies exóticas, nomeadamente aves, com um propósito cinegético no meio natural dos Açores.
- O desenvolvimento dum turismo verde associado à observação de aves que traga vantagens económicas a todas as ilhas açorianas.

Assine aqui:

http://www.peticaopublica.com/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=AVESACOR

2.11.11

Adopte um (ou mais) destes gatos - ilha Terceira





Olá

4 bichinhos que estão na rua por azar (da vida, da crise, da insolvência geral que se está a instalar), que são meiguinhos e retribuem o carinho e a atenção, precisam de alguém que goste deles e lhes possa oferecer guarida (não é preciso todos na mesma:). A Duda, o Titico, a Milu e o Aladino. Todos vacinados, desparasitados, castrados. Contacto: 914656213/295212214.

obrigado

Elsa

28.10.11

O Breu precisa de um dono




O Breu é um cãozinho de grande porte, de pêlo preto, jovem, meigo, muito brincalhão (fotos em anexo), e necessita urgentemente de um lar que o possa acolher!

Dado o seu porte robusto e o seu gosto por dar umas boas corridinhas, é necessário alguém que disponha de um espaço amplo e vedado.

Neste momento o Breu está num pequeno jardim em Capelas, de onde sai com facilidade, passando o dia na rua a correr o risco de ser atropelado, mal tratado ou mesmo levado para o canil. :(

A sua historia começou no passado domingo dia 23 quando, ao passearmos pela zona da Achada das Furnas-Congro (ilha de S. Miguel), nos deparámos com uma situação deveras triste e à qual não pudemos permanecer indiferentes:
Encontrámos o Breu no fundo de uma grota com cerca de 15 metros de profundidade, em estado de choque, muito assustado, sem ter como sair daquele "buraco" e sem acesso quer a água, quer a qualquer tipo de alimento.
Com ajuda de cordas e, naturalmente, com alguma dificuldade, lá conseguimos descer até ao local. A princípio até receámos um pouco a reacção do animal mas tendo em conta o seu estado de carência não foi difícil cativá-lo. Conseguimos trazê-lo para cima onde lhe demos água e o alimento que tinhamos (bolachas).
Questionámos alguns lavradores locais que afirmaram desconher aquele animal, frisando ainda que é comum o abandono de cães naquela área mesmo por pessoas oriundas de outras zonas da ilha. Realmente o tipo de animal não se coaduna com um cão de caça nem de guarda de pasto/máquina de ordenha, o que infelizmente nos leva a supor que o mais provável é que ele tenha sido não só abandonado, mas colocado intensionalmente naquele sítio quase inacessível.
Vendo que o cão se comportava como desconhecendo aquela zona, e não havendo quaisquer habitações nas imediações, não nos restou alternativa senão trazê-lo connosco.


Da nossa parte, resta-nos agrader a divulgação desta mensagem.
O Breu anseia apenas por um dono com coração (e algum espaço no quintal...!)!

Ana Hipólito
e Rui de Sousa

Contactos: 963582976
ana.hipolito80@gmail.com

26.10.11

Este ano salve um cagarro



Boa noite

De acordo com a reunião de organização da Brigadas de Salvamento de Cagarros, divulgamos o plano de acção para a campanha 2011.

Existirão brigadas de salvamento diariamente às 20h30m em quatro locais, no caso da ilha de São Miguel:
- Parque de estacionamento da Praia do Pópulo (troço entre Feteiras e Vila Franca do Campo), em colaboração com Associação Amigos do Calhau
Habituais coordenadores: José Pedro Medeiros e Diogo Caetano
- Poços de São Vicente (troço Santo António e Fenais da Luz)
Habituais coordenadores: Ana Hipólito e Rui de Sousa
- Palheiro da Ribeira Grande (troço Ribeira Grande e Calhetas)
Habituais coordenadores: David Santos e Carolina Ferraz
- Mosteiros
Habitual coordenador: Gerbrand Michielsen
No caso da ilha de Santa Maria, dada a dispersão territorial dos troços, combinar distribuição de voluntários com José de Melo (santamaria@amigosdosacores.pt). Em colaboração com CADEP-CN.

Este ano, qualquer animal recolhido enquadrado ou não nas brigadas poderá ser entregue nos postos da PSP, que funcionarão como postos de recolha. Em caso de impossibilidade de entrega à PSP deve ser contactado o SEPNA (961196098 – até às 24 horas) ou os vigilantes de natureza (912 177 542 - até às 24 horas).

Como é habitual os Amigos dos Açores disponibilizam também um número de apoio ao salvamento de cagarros: 961397080 (até às 24h)


A exemplo dos anos anteriores, todas as ocorrências serão registadas online (https://docs.google.com/spreadsheet/pub?key=0Ar739VzN16b5dGVvb2dIUFFzRFdFd09NWlVnVG12bmc&output=html).

Começando a haver conhecimento de recolhas de animais, iniciaremos hoje, quarta-feira, 26 de Outubro, as brigadas nocturnas solicitando-se que os interessados compareçam nos locais fixados.

Agradece-se que os voluntários disponíveis, sempre que possível, confirmem previamente a sua participação na grelha disponível na folha de registos online (https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Ar739VzN16b5dGVvb2dIUFFzRFdFd09NWlVnVG12bmc&hl=pt_PT#gid=13) ou para o email da Associação.

Saudações

Diogo Caetano

24.10.11

Este ano salve um cagarro




O cagarro é uma ave oceânica que vem a terra apenas durante a época de reprodução. Este período decorre entre Março e Outubro altura em que as crias já suficientemente desenvolvidas partem com os seus progenitores em direcção ao mar, dispersando-se pelo Oceano Atlântico e regressando apenas no próximo ano.

A sua partida realiza-se de noite e muitas delas são atraídas pelas luzes das nossas vilas e cidades, acabando por cair em terra e sendo-lhes neste caso impossível voltar a levantar voo se não forem ajudadas.

Sendo os Açores uma das zonas mais importantes no que respeita à reprodução dos cagarros é muito importante que um máximo de aves seja salva para que o nível populacional da espécie se mantenha.

Se encontrar durante o dia um cagarro devolva-o ao mar. Se o encontrar à noite recolha-o, de preferência numa caixa fechada (de papelão), não tente alimentá-lo e devolva-o ao mar logo na manhã seguinte.

20.10.11

Humanidade

"Quando reagimos ao sofrimento dos animais, este sentimento fala profundamente de nós, mesmo que o tentemos ignorar. E aqueles que consideram o amor e o respeito pelos outros seres como mero sentimentalismo, não percebem a parte boa e importante da nossa Humanidade."

4.10.11

No Dia do Animal



NO DIA DOS ANIMAIS

“É o modelo actual de produção e consumo o responsável pela violação dos direitos humanos e ambientais da maior parte da humanidade, sendo também responsável pelo sofrimento infligido aos animais.
Consideramos que é fundamental o respeito do homem para com os restantes animais domésticos e selvagens, assim é imprescindível promover uma educação, cultura e legislação que garantam os direitos dos animais.”
(Princípios do CAES)

Hoje, 4 de Outubro, dia em que se comemora o Dia Dos Animais, enquanto alguns animais (muito poucos) são respeitados, a esmagadora maioria continua a ser, mesmo legalmente, alvo de tratamento desumano e até cruel, nas mais diversas actividades humanas, como na pecuária, em nome da ciência, da educação, do divertimento, etc.
Neste dia, em que algumas entidades, mesmo as que mantêm uma prática contínua errada em relação aos animais, como os denominados centros de recolha/canis, vão promover campanhas de sensibilização e de adopção animais domésticos, nomeadamente cães e gatos, vimos reafirmar a nossa repulsa pelo especismo, isto é, na nossa luta em defesa dos direitos dos animais não damos preferência a uns (domésticos) em detrimento de outros (selvagens), não optamos pelos cães em desfavor dos touros, sejam “bravos” ou “mansos”, etc.
Quando apelamos à defesa dos animais, não estamos a ignorar os humanos. Pelo contrário, estamos bastante preocupados com as dificuldades cada vez maiores por que passam as pessoas e consideramos que as causas dos problemas são as mesmas. Sempre que os lucros de uns poucos ficam comprometidos, a conservação do ambiente, o respeito pela natureza, a qualidade de vida das pessoas e o bem-estar dos animais são ignorados.
A alteração da situação actual só poderá ser alcançada se formos capazes de constituir um forte movimento social que una todas as pessoas que pretendem alterar o actual estado em que todos nós vivemos.
No caso da defesa dos direitos dos animais, bem como noutras causas, ninguém poderá ficar indiferente nem inactivo. Como muito bem disse o pacifista Elie Wiesel “a neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio ajuda o torturador, nunca o torturado”.
Para uma defesa dos animais consequente, nos Açores, é urgente que as pessoas que já estão a trabalhar, em diversas organizações ou a nível individual, para além de trabalharem para o envolvimento de outras mais, sejam capazes de ultrapassar as diferenças e que passem a cooperar.
Para além da união fazer a força, como disse Gandhi, se todos nós acreditarmos no que estamos a fazer acabaremos por vencer.

Açores, 4 de Outubro de 2011

Colectivo Açoriano de Ecologia Social
(http://terralivreacores.blogspot.com/)

2.10.11

Pombo torcaz?


Havia caído de um ninho que não foi encontrado. Está a ser alimentado por mim desde o dia 22 de Setembro e vou fazê-lo até à sua devolução ao seu habitat.

Embora não possa confirmar, parace-me um pombo torcaz.

T.

"Os animais pedem-nos compaixão. Pedem para ser tratados com a dignidade de companheiros seres vivos" (Marc Bekoff)

30.9.11

Vamos ajudar a salvar cagarros!

Vamos participar, nos próximos dois meses, activamente na protecção e salvação do cagarro!

Aqui vão alguns documentos sobre a espécie/campanha em sua defesa.


Texto do Grupo de Ecologistas de Santa Maria (1984)


Texto de Miguel de Figueiredo Corte-Real (1988)


Texto da responsabilidade do Núcleo de Ornitologia dos Amigos da Terra Açores (1989)


Publicidade da Direcção Regional do Ambiente (1997)

BioÉtica ambiental e animal

29.9.11

Petição Tauromaquia a Património Cultural Imaterial da Humanidade NÃO



Para:Presidente da Comissão Nacional da UNESCO em PortugalExmo. Senhor Dr. Fernando Andresen Guimarães,
Digníssimo Presidente da Comissão Nacional da UNESCO em Portugal,

Excelência,

Tive conhecimento de que o lobby tauromáquico português estaria a preparar uma candidatura para elevar a tauromaquia a Património Cultural Imaterial da Humanidade, notícia que me indignou e me levou a escrever a V. Exa. Sei que Portugal ratificou em 2008 a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, e que esta considera, enquanto Património Cultural Imaterial, “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões – bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados – que as comunidades, os grupos e, sendo o caso, os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural”, mas também sei que a tauromaquia (pese embora seja um fenómeno ligado à cultura local de algumas regiões) é uma actividade repudiada pela maioria da população portuguesa, devido ao seu carácter extremamente chocante e cruel. Não tenho dúvidas de que V. Ex.as, ao avaliarem as actividades concorrentes à categoria de Património Cultural Imaterial da Humanidade, têm em especial atenção a sua relevância para o engrandecimento moral da Humanidade e, por essa razão, é minha crença que não aprovarão a candidatura a que me refiro nesta mensagem.

Mais informo V. Exa. - apenas a título de exemplo – de que um extenso estudo elaborado em 2007 pelo CIES-ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (http://www.animal.org.pt/pdf/Valores_e_Atitudes_face_a_Proteccao_dos_Animais_em_Portugal.pdf ), demonstrou claramente que a maioria dos portugueses não só rejeita a tauromaquia, como também quer as touradas proibidas por lei em Portugal.

Cada vez mais as sociedades modernas evoluem no sentido de respeitarem e considerarem os interesses e as características dos outros animais e do próprio Planeta, e é do entendimento geral que não é moralmente justificável provocar danos à integridade de animais para meros fins de entretenimento.

Assim, venho humildemente pedir a V. Exa. se digne transmitir esta minha mensagem a S. Exa. a Directora-Geral da Secção de Património Intangível da UNESCO, pedindo-lhe que a tenha em consideração se tiver que tomar uma decisão a este respeito. Confio que S. Exa. e o respectivo Comité tomarão a decisão certa - aquela que vai no caminho da justiça e da evolução moral e social da Humanidade.

Muito respeitosamente,
de V. Exa,


Os signatários

Assine aqui: http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N14706

28.9.11

Alice Moderno e as Touradas


ALICE MODERNO E AS TOURADAS

“Lembra-te sempre que ao maltratares um animal vais ferir a tua própria dignidade” (Alice Moderno)

Alice Moderno que foi jornalista, escritora, agricultora e comerciante foi uma mulher que pugnou pelos seus ideais republicanos e feministas, sendo uma defensora da natureza e amiga dos animais.
Na sua luta em defesa dos animais, Alice Moderno não foi especista, isto é não discriminava os animais tendo em conta a sua espécie. Assim, no seu jornal “A Folha” todos os animais (cães, gatos, cavalos, aves, touros, etc.) foram dignos da sua atenção e dos seus colaboradores. Mas como em São Miguel na altura em que ela viveu os grandes problemas estavam relacionados com a morte, por envenenamento e por atropelamento, de cães e os maus tratos aos animais de tiro, foram estes últimos que foram alvo de uma maior referência.
Para além dos apelos de das denúncias tornados públicos através de “A Folha” e do seu envolvimento na criação e no funcionamento da Sociedade Micaelense Protectora dos Animais, uma das suas grandes preocupações foi a criação de um posto veterinário para tratamento de todos os animais. A propósito da necessidade de tratar todos os animais dizia ela:
“Caridade não é apenas a que se exerce de homem para homem: é a que abrange todos os seres da Criação, visto que a sua qualidade de inferiores não lhes tira o direito aos mesmos sentimentos de piedade e de justiça que prodigalizamos aos nossos semelhantes”.
Alice Moderno, também não foi indiferente às touradas, pois não seria coerente consigo mesmo condenar o uso da aguilhada que não é mais do que um “pau delgado e comprido, ordinariamente com ferrão na ponta, para picar os bois na lavoira e na carretagem” e nada dizer sobre os ferros com que são martirizados os touros nas touradas de praça.
Assim, o jornal “A Folha” deu guarida a diversos textos sobre touradas, a maioria dos quais da autoria do zoófilo Luís Leitão.
Numas notas de Luís Leitão, datadas de 1910, este faz referência à proibição das touradas na República da Argentina e à tentativa, dos espanhóis, de organizar touradas em Paris, em 1889, por ocasião de uma exposição, o que levou a que alguém protestasse nos seguintes termos: “As corridas de touros exibidas na época actual, em Paris, no coração da França, no meio de tanta maravilha da arte e da indústria seriam um anacronismo, uma monstruosidade, uma acção má”.
Foi convidada e assistiu contrariada a uma tourada, na ilha Terceira, e não ousou comunicar aos seus amigos, considerando-os “semi-espanhóis no capítulo de los toros”, o que pensava pois, escreveu ela, “não compreenderiam decerto a minha excessiva sentimentalidade”.
Na sua carta XIX, referindo-se à tourada a que assistiu escreveu o seguinte:
“É ele [cavalo], não tenho pejo de o confessar, que absorve toda a minha simpatia e para o qual voam os meus melhores desejos. Pobre animal, ser incompleto, irmão nosso inferior, serviu o homem com toda a sua dedicação e com toda a sua lealdade, consumindo em seu proveito todas as suas forças e toda a sua inteligência! (…) Agora, porém, no fim da vida, é posto à margem e alugado a preço ínfimo, para ir servir de alvo às pontas de uma fera, da qual nem pode fugir, visto que tem os olhos vendados!”
“E esta fera [touro], pobre animal, também, foi arrancada ao sossego do seu pasto, para ir servir de divertimento a uma multidão ociosa e cruel, em cujo número me incluo! (…) Entrará assim em várias toiradas, em que será barbaramente farpeada até que, enfurecida, ensanguentada, ludibriada, injuriada, procurará vingar-se, arremessando-se sobre o adversário que a desafia e fere. Depois de reconhecida como matreira, tornada velhaca pelo convívio do homem, será mutilada”.
O terceirense Adriano Botelho tem uma opinião muito semelhante a Alice Moderno, como se pode concluir através da leitura do texto que abaixo se transcreve:

”…fazem-se por outro lado, reclames entusiastas de espectáculos, como as touradas de praça onde por simples prazer se martirizam animais e onde os jorros de sangue quente, os urros de raiva e dor e os estertores da agonia só podem servir para perverter cada vez mais aqueles que se deleitam com o aparato dessa luta bruta e violenta, sem qualquer razão que a justifique”.

Teófilo Braga

Correio dos Açores, 28 de Setembro de 2011

26.9.11

O fim das touradas na Catalunha



Diário Liberdade - Ontem celebrou-se a última tourada em chão do Principado da Catalunha. O ambiente foi muito tenso, com presença de um forte aparelho policial. O Partido Popular entregou propaganda. O repórter do Diário Liberdade nos Países Catalães esteve em Barcelona para acompanhar o final das touradas na Catalunha e a manifestação do movimento 15M contra os desalojamentos hipotecários.
O Parlamento da Catalunha aprovou, em julho de 2010, a proibição dos touros no Principado, graças a uma Iniciativa Legislativa Popular. Não foi, porém, até hoje que se fez efetiva. A 25 de setembro de 2011 celebrou-se a última tourada do Principado da Catalunha, na Praça Monumental de Barcelona. A capital do país fica livre da selvagem prática espanhola.

O dia de hoje foi de celebração para as e os ativistas pelos direitos animais, que brindaram com champanha pelo final de "cinco séculos de tortura". No meio de um ambiente muito tenso e com forte aparelho policial, várias dúzias de manifestantes conseguiram, em poucos minutos, juntar um numeroso grupo de simpatizantes. Durante mais de uma hora recriminaram as pessoas que se dirigiam ao cenário da tourada a sua atitude, classificando-as de "assassinas" e desejando-lhes um "desfrutem da execução".

Produziram-se vários enfrentamentos verbais entre os animalistas e os ultraespanholistas que assistiram o brutal espectáculo. Um destes chegou a fazer o saúdo fascista diante das pessoas manifestantes, ao tempo que na outra mão assegurava um panfleto do neoliberal Partido Popular. Os ativistas pelos direitos animais responderam com gritos de "Assassino" e "Fascista".

E se tinha esse panfleto é porque o dito partido, que junta nas suas filas um importante número de franquistas (incluindo como Presidente de Honra o ex-ministro durante a ditadura Manuel Fraga), não duvidou em utilizar um dos mais humilhantes e tristemente famosos espectáculos espanhóis para recrutar para si a mais rançosa minoria da sociedade catalã, que rejeita amplamente as touradas.

Precisamente, foi graças aos movimentos sociais que a proibição se faz hoje efetiva: o Parlamento votou devido a uma Iniciativa Legislativa Popular que levou a questão à Câmara Catalã.

Não faltaram, ainda, imagens nostálgicas de Franco, o ditador fascista responsável pela morte de milhares de pessoas durante os quarenta anos da sua ditadura, bandeiras da limítrofe Espanha e gritos como "menos tontería y más pasodobles toreros!". O Diário Liberdade pede desculpas por não poder transmitir com completa fidelidade a caste dos personagens que esta tarde desfilaram nas ruas barcelonesas.
Para este ensangüentado final, chegaram ônibus de vários pontos do país vizinho -origem de grande parte do público assistente-, de forma que os e as mais fanáticas chegaram a pagar até 3,000 euros para presenciarem a "fiesta nacional" espanhola.
Não fica livre ainda o país inteiro que, dividido em várias comunidades pelo imperialismo espanhol, conserva a selvagem tradição no País Valenciano e nas Ilhas Baleares, além do Ponent.

Também a Galiza é, ainda, um território ocupado pela insanidade das touradas. As maiores são "celebradas" em Ponte Vedra e na Corunha (onde 90% da população se declara contrário a elas), graças apenas à colaboração institucional e ao financiamento com recursos públicos. Portugal é cenário deste lamentável espectáculo, embora na maioria dos casos o animal não sofre morte neste país. As Ilhas Canárias, território insular ainda hoje ocupado pela Espanha nas costas africanas, já proibiu as touradas em 1991.

Seja como for, a parte dos Países Catalães administrada pela Comunidade Autónoma da Catalunha libertou-se hoje de dois elementos importantes: primeiro, a tortura e execução de seres inocentes que sofrem a sede de sangue de uma minoria. Segundo, a imposição de um símbolo cultural do país vizinho, Espanha, que através dele, somado a muitos outros, exerce um eficiente domínio das várias nações que mantém submetidas.

Fonte: http://diarioliberdade.org/

21.9.11

Desapareceu gato Tofu



olá bom dia, este gatinho desapareceu da casa dos donos na ladeira de s.francisco/rua da garoupinha (Terceira), no dia 18 ou 19, se alguém o vir ou souber dele, por favor avise-me. chama-se tofu, é muito meigo e também muito assustado.

obrigado

Elsa

Podem enviar um mail para acoresmelhores@gmail.com que nós entraremos em contacto com a dona.

18.9.11

Direitos dos animais?



por ANSELMO BORGES
17/09/2011Sobre esta questão complexa, existem três posições filosófico-jurídicas fundamentais. No Ocidente, predomina a concepção chamada kantiana, que só reconhece direitos às pessoas. Nas últimas décadas, o movimento animalista vem defendendo a tese de que há animais não humanos que são pessoas. A terceira proposta é a de um modelo de sociedade na qual se reconhece a dignidade dos humanos, mas tem em atenção o valor dos animais.
1 Na concepção predominante, só a pessoa humana é sujeito de direitos. A dignidade da pessoa humana é o fundamento dos direitos humanos. Mas significa isso que os animais devam ser remetidos para o domínio das coisas? O constitucionalista J. Gomes Canotilho pergunta justamente, numa obra colectiva sobre os desafios para a Igreja de Bento XVI, se precisamente um desses desafios não é desenvolver uma ecologia em que "as diferenças entre 'algo e alguém' não remetam para o domínio das coisas a problemática humana dos outros seres vivos da Terra".
2 Num texto famoso de 1789, Jeremy Bentham inquiria: Qual é a característica que confere o direito a uma consideração igualitária? E respondia, perguntando: "Será a faculdade da razão ou, talvez, do discurso? Mas um cavalo adulto é, para lá de toda a comparação, um animal muito mais racional assim como mais sociável do que um recém-nascido de um dia, uma semana ou até um mês. Mas suponhamos que não era assim; de que serviria? A questão não é: pode raciocinar?, pode falar?, mas: pode sofrer?"
O chamado utilitarismo moral coloca o centro precisamente na capacidade de sofrer e de sentir prazer. Para Peter Singer, defensor célebre desta concepção, os seres sensíveis têm interesses, concretamente o interesse do maior prazer possível e da menor dor possível, seguindo-se daí que, ao contrário da concepção anterior, temos deveres directos para com todos os seres capazes de sentir. A desigualdade de tratamento deriva do chamado especiesismo - julgo que se deve dizer assim e não especismo -, que consiste na preferência que damos aos humanos sem qualquer outra razão que não a pertença a uma espécie, no caso, a espécie humana.
Singer, professor da Universidade de Princeton, escreve textualmente, em Ética Prática: "Devemos rejeitar a doutrina que coloca a vida dos membros da nossa espécie acima da vida dos membros de outras espécies. Alguns membros de outras espécies são pessoas; alguns membros da nossa não o são. De modo que matar um chimpanzé, por exemplo, é pior que matar um ser humano que, devido a uma deficiência mental congénita, não é capaz nem pode vir a ser uma pessoa."
3 A filósofa Adela Cortina, numa obra importante - Las fronteras de la persona -, atravessa toda esta problemática, para defender a sua tese, com a qual me identifico. A vida é valiosa por si mesma, mas ainda mais a dos seres sensíveis, que têm a capacidade de sofrer e ter prazer. Os animais têm um valor intrínseco e não meramente instrumental, havendo, por isso, uma obrigação directa de lhes não causar dano.
Mas há seres que não só têm valor intrínseco "mas também absoluto". Os direitos humanos são naturais, isto é, a sociedade política não os concede, mas simplesmente os reconhece, pois são anteriores ao pacto político. Os outros animais não têm o sentido da dignidade e da humilhação. Os humanos "são capazes de reconhecer se a sua própria vida é digna ou indigna, a partir do reconhecimento que outros fazem dela e a partir da sua própria autoconsciência". Para os outros animais basta uma vida materialmente satisfeita; mas a ideia de uma vida digna é diferente: "brota do reconhecimento de estar a ser tratado segundo a norma da espécie, que é, em última análise, a da liberdade."
E os membros da nossa espécie que não podem de facto exercer essas capacidades, como os deficientes mentais profundos? "Isso não os torna membros de outras espécies, mas pessoas que é preciso ajudar para poderem viver ao máximo essas capacidades, o que só conseguirão numa comunidade humana que cuide deles e os promova na medida do possível."
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2001103&seccao=Anselmo%20Borges&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2001103&seccao=Anselmo%20Borges&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco&page=2

15.9.11

Por que continuam a torturar touros?


Este vídeo serve para confirmar que os animais tem sentimentos, como também têm a capacidade de recordar quem cuida deles e lhe dá de comer com amor, como todo o ser vivo neste mundo merece. (mpfarg) Seria bom meditarem nisto, aqueles que continuam a tratar estes animais de uma forma tão humilhante!..

8.9.11

APA Promove Concurso de Fotografia



Participe nesta iniciativa realizada no âmbito da Campanha de Adoção que terá lugar no dia 2 de outubro nas Portas do Mar (Comemorações do Dia Mundial do Animal que se celebra a 4 de outubro) e mande-nos a sua fotografia para o correio eletrónico:apacores@gmail.com

Consulte o regulamento e se tiver alguma dúvida não hesite em nos contatar.

Aguardamos pelas vossas fotografias até ao dia 18 de setembro.


Concurso de Fotografia APA 2011Regulamento

• Concurso aberto a sócios, voluntários e amigos da APA;
• Tema a concurso: “Não ao abandono”;
• Uma fotografia por participante;
• Indicação do título da foto;
• As fotos enviadas não poderão ter qualquer tipo de moldura ou marca que permita identificar o seu autor:
• As fotografias terão de ser inéditas e a captação de imagem deverá ter ocorrido em 2011;
• A resolução mínima das fotografias deverá ser de 3 megapixel ou 2048x1536 px;
• As fotografias devem ser enviadas por mail para apacores@gmail.com ou entregues em outro suporte informático a qualquer um dos membros da Direcção, até dia 18 de Setembro de 2011;
• As fotos concorrentes serão publicadas no blogue e facebook da APA;
• A votação decorrerá, entre 21 e 28 de Setembro de 2011, por voto dos sócios, voluntários e amigos da APA, através de mensagem para o e-mail apacores@gmail.com, onde deve ser identificada a foto escolhida por cada votante através do respetivo título;
• Haverá ainda a votação por um júri convidado;
• Existirão duas fotos vencedoras, uma escolhida pelo público e a outra escolhida pelo júri, com a atribuição de prémios aos respetivos autores;
• As fotografias a concurso serão expostas no dia 2 de Outubro de 2011, nas Portas do Mar, no âmbito das actividades comemorativas do Dia Mundial do Animal;
• Por motivos logísticos, e de acordo com número de fotos a concurso, poderá ser necessário efetuar uma selecção das fotos que integrarão a exposição;

Esta actividade visa reunir a participação de todos os nossos associados, voluntários e amigos.

7.9.11

Feira de adoção: Não compre, adote



Feira de Adoção nas Portas do Mar
02 de Outubro, 2011, das 11h30 às 18h00
Associação Açoriana de Protecção de Animais

2.9.11

Uma Proposta Vergonhosa



Já sabíamos que o senhor deputado Ventura era desprovido da capacidade de propor algo de importante para a vida social e económica dos Açores. Não sabíamos era que o mesmo era acompanhado pelos seus colegas de partido nas suas ideias peregrinas de propor uma medida inútil para a Região Autónoma dos Açores.
Não temos dúvidas que a presente proposta tem como única finalidade a concorrência com o actual partido do governo e mais não é do que pré-campanha eleitoral.
JS


PSD propõe conselho da tourada à corda na Terceira

António Ventura defende que "deve ser criado um fórum de debate, que reúna, pelo menos, uma vez em cada época da tourada à corda, para articular e a debater as questões daquela actividade".
Os vereadores do PSD na câmara municipal de Angra do Heroísmo recomendaram hoje ao executivo “a promoção, conjuntamente com a câmara da Praia da Vitória, de um conselho consultivo inter-municipal para a tourada à corda na ilha Terceira”, tendo em conta “que se trata da maior manifestação popular no arquipélago, assumindo-se como genuína e rara, daí a necessidade da sua preservação e qualidade”, defende António Ventura.
“Assim, pensamos que deve ser criado um fórum de debate, que envolva as duas câmaras municipais e que reúna, pelo menos, uma vez em cada época da tourada à corda, para articular e a debater as questões daquela actividade, na óptica dos seus vários intervenientes, como as associações de ganadeiros, a Tertúlia Tauromáquica Terceirense, os capinhas, o poder local e o governo regional”, explica o social-democrata.
“A tradição da tourada à corda está presente nos nossos usos e costumes, nas expressões linguísticas, na nossa História, nas festas locais e no quotidiano social, bem como, e de forma substancial, na economia terceirense”, sustenta Ventura, para quem “interessa contribuir para o seu desenvolvimento na ilha, mas numa continuada avaliação e consequente implementação de procedimentos para a sua regulamentação, promoção, divulgação e defesa como actividade de relevo”, afirma.
“A tourada à corda é, acima de tudo, um símbolo das gentes da Terceira, que representa uma riqueza etnográfica e um importante cartaz turístico dos Açores. O seu reconhecimento tem sido várias vezes manifestado fora do arquipélago, sendo uma manifestação taurina popular que atrai milhares de visitantes às nossas freguesias durante grande parte do ano, para além de que a Terceira reúne um elevado número de ganadarias de reses bravas que existem, essencialmente, para a tourada à corda”, conclui o vereador do PSD na câmara de Angra.


JornalDiario

2011-09-01 15:30:00

13.8.11

Cão Procura Dono de Raça


Este cão estava abandonado e foi recolhido por um dos membros do Colectivo (virtual) “Açores Melhores Sem Maus Tratos Animais” que não tem a possibilidade de ficar com ele.

Para o adoptar, já com todas as vacinas e desparasitado, entre em contacto com a Clínica Veterinária de Santana.

10.8.11

Luis Leitão defensor dos animais



Quem um dia escrever a história do movimento de protecção dos animais, nos Açores, não poderá esquecer o nome do escritor e jornalista Luís Albino da Silva Leitão que foi colaborador de Alice Moderno, no jornal “A Folha”.

Luís Leitão, que nasceu em Elvas em 1866 e faleceu em Lisboa em 1940, trabalhou nos Correios, foi o introdutor, em Portugal, da “Festa da Árvore”, colaborou em centenas de jornais quer de Portugal quer do Brasil, onde escreveu sobre temas “como o combate ao crime, à guerra, ao alcoolismo, ao tabagismo, e à tauromaquia, defendeu a educação feminina, os direitos da criança, os direitos dos animais e o vegetarianismo” (Wikipédia). A corroborar o mencionado, para Alice Moderno, Luís Leitão como propagandista, escritor e educador social, tinha como missão “o nivelamento das classes sociais, a paz universal, a emancipação da mulher, a protecção à criança, aos velhos, aos animais (tão úteis e sofredores) ”.

A colaboração de Luís Leitão no jornal micaelense “A Folha” começou no dia 21 de Novembro de 1909, com um texto sobre asilos para animais. No seu texto sobre um existente em Berlim, o autor destaca o modo como eram bem tratados os animais e deu o exemplo de um cavalo que foi lá entregue com a recomendação para que lá permanecesse até à sua morte, como recompensa pelo que ele fez enquanto pôde trabalhar.

A propósito do asilo berlinense, Luís Leitão mencionou o facto do estado alemão colaborar com todos projectos dos amigos dos animais, o que não acontecia em Portugal.

Passados 100 anos, o estado português (nos Açores, a “Região” e as autarquias) ainda não reconheceu a importância do apoio, digno deste nome e não apenas migalhas para “ficar bem na fotografia ou no televisor”, que deveria dar às associações de protecção dos animais existentes e ainda não mandou para o caixote de lixo da história a politica de abate nos pomposamente chamados Centros de Acolhimento (Canis).

Hoje, considero que são actuais as causas apontadas, em 1915, por Luís Leitão para os maus tratos de que são vítimas os animais. Assim, para o autor referido é “a deficiente educação dos humildes e a errada orientação mental de alguns grandes” a causa da maioria dos maus tratos aos animais.

De igual modo, penso que pouco se evoluiu no que diz respeito ao sofrimento animal pois, tal como há quase um século, as pessoas mostram-se muito carinhosas com o seu animal de estimação, mas envenenam o do vizinho, preocupam-se com uma vaca acorrentada pelo pé, mas nada têm a opor a um touro fechado numa “gaiola” ao Sol durante alguns dias ou espetado com ferros numa tourada de praça. A razão apontada para a continuação dos maus tratos é pura e simplesmente só uma: os animais não sentem.

Luís Leitão, num texto de 1913, a propósito do pretenso não sofrimento animal escreve: “Sentem eles as pancadas? Não se lhes dever bater; não as sentem? Bate-se-lhes então por desfastio, visto que as nossas mãos não podem estar quedas…”
Num texto de 1914, Luís Leitão menciona o facto de haver vantagem no estreitar de relações entre crianças e animais e faz referência ao facto de um determinado autor considerar que “os pais endurecem o coração dos filhos mandando-os bater nos animais ou batendo-lhes eles próprios diante daqueles” e termina mencionando a necessidade de ir “elucidando os pequenitos sobre o mérito absoluto e relativo dos animais, quando não para evitar picardias no presente, para não dar lugar à brutalidade com que muitos irão tratá-los quando adultos, por terem crescido na ignorância da verdade”.

Luís Leitão, que tal como Alice Moderno, era contra as touradas, em vários textos publicados no jornal A Folha, aborda a questão da sua proibição e num deles, datado de 1910, cita o escritor espanhol Navarro Murilo que escreveu o seguinte: “se aplicarmos as leis históricas às corridas de touros é fácil deduzir que o sentido moral as abolirá fatalmente ante o juízo dos povos cultos, ante as grandes transformações sociais e em virtude das exigências do direito humano e do aperfeiçoamento agrícola e industrial”.

Quantos anos ou séculos mais vamos ter de esperar para que deixe de haver sofrimento animal para gozo de alguns humanos?

Autor: Teófilo Braga
Fonte: Correio dos Açores, 10 de Agosto de 2011

9.8.11

Matar cães em 1913



O Correio do Norte, jornal que se publicou na Ribeira Grande, em 1913 denunciava o facto de alguns condutores de automóveis atropelarem cães para os matar.

Aqui vai um extracto do texto:

"Ainda há bem poucos dias foi cometida tal crueldade, na rua de São Francisco desta vila, pelo condutor de um automóvel de Ponta Delgada, o qual desviou propositadamente a direcção do carro, para passsar por cima de um cão. O pobre animal, colhido por uma das rodas, ficou em lamentável estado, sendo horroroso o seu sofrimento".