28.8.12

A proibição de alimentar animais na rua




A alimentação de animais na rua não é a solução para acabar com o problema dos animais abandonados (como cães e gatos) nem é uma boa opção para os animais que vivem de forma semi-doméstica nas cidades (como os pombos). Na realidade, muitas vezes o efeito desta alimentação é precisamente contrário àquele pretendido.

Muitas pessoas alimentam animais nas ruas porque são incapazes de assistir ao seu sofrimento. No entanto, desta forma conseguem que, onde havia 10 animais a passar fome, passa a haver 100 animais esfomeados. Onde podiam morrer 5 animais à fome passam a morrer 50. E isto é simplesmente devido a que os animais que estão na rua se reproduzem quando têm comida disponível e, desta forma, o problema multiplica-se. Afinal, o número total de animais existentes nas ruas estará sempre em função da comida disponível, e o seu número aumentará quando houver uma maior quantidade de comida.

Para os animais domésticos a solução seria: a adopção e a esterilização de todos os animais actualmente existentes na rua, um controlo adequado para que não sejam abandonados novos animais (chip obrigatório também para gatos), e a proibição definitiva da sua alimentação nas ruas (impedindo a aparição de novas populações de animais). No caso dos animais semi-domésticos, a solução seria limitar a sua alimentação para conseguir ter uma população muito reduzida e adequada às características do meio urbano em que vivem.

Ter populações de animais nas ruas é mau para os próprios animais:
- Os animais alimentados nas ruas vivem num ambiente totalmente desadequado. Muitos acabam por morrer atropelados ou são vítimas de vandalismo.
- Estes animais muitas vezes são obrigados a viver, no pouco espaço disponível na rua, em condições de alta densidade populacional, tendo por isso uma maior incidência de doenças e parasitas e umas condições de vida lamentáveis.
- Estas altas densidades criam também problemas sanitários para as pessoas e outros animais.
- Muitas pessoas podem não concordar com a manutenção de animais no espaço comum das ruas. E alguns animais, maltratados, doentes ou não socializados, podem ser vistos também por estas pessoas como uma ameaça para as crianças.
- Os animais domésticos existentes nas ruas ou noutros espaços abertos têm também um impacto sobre outros animais. Alguns gatos domésticos, por exemplo, são capazes de matar dezenas de pássaros silvestres por ano, incluindo também crias de aves ameaçadas como os cagarros e outras aves marinhas. E os cães poderão atacar o gado, nomeadamente ovelhas e bezerros.

Confrontados com as actuais políticas municipais de passividade no problema dos animais abandonados, de falta de prevenção e fiscalização do seu abandono, de recolha e abate generalizado de cães e gatos nos canis, alimentar os animais abandonados na rua pode ser visto como um acto bem-intencionado para evitar sofrimento aos animais, mas na realidade é adiar, prolongar e muitas vezes aumentar esse sofrimento, sem dar nenhuma solução efectiva.

David M. Santos

24.8.12

Vacadas e garraiadas


Na tauromaquia são várias as modalidades de abuso de bovinos, tanto em âmbitos privados, como em espetáculos organizados para diversão, desde touradas até garraiadas, vacadas, etc. 
Para quem não saiba do que se trata, pode informar-se por vídeo no YOU TUBE.

Sofrimento começa na captura e possível “preparação” do bovino para o espectáculo com acções, intervenções para enfraquecer o animal. Prossegue no transporte causador de pânico, claustrofobia, desgaste, até chegar à arena. O sofrimento prossegue aqui com susto, provocação por muita gente, ludíbrio por muita gente, violência física por muita gente, esgotamento anímico e físico, ferimentos (por vezes morte). Prossegue depois com mais violência na recolha, no transporte, etc.
Em algumas intituladas garraiadas, acontece o cravar de bandarilhas, farpas. 

É fundamental argumentar científica, ética, cultural, socialmente ou seja, civilizadamente, para justificar o ponto de vista dos respeitadores dos animais e opositores da tauromaquia e, assim, contribuir para diminuir o sofrimento provocado pelo Homem sobre os animais não humanos. 
É muito fácil rebater os argumentos do lobby tauromáquico, que para branquear o espectáculo cruel, faz uso de afirmações fantasiosas e não respeita o senso comum, a ciência e a ética.

Plantas são seres sem sistema nervoso, não sencientes e sem consciência.
Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa, ausentes nas plantas. Portanto, medo e dor são essenciais e condições de sobrevivência.

A ciência revela que a constituição anatómica, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes. 
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento. 
Eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo, ao susto, ao prazer e à dor.
Descobertas recentes confirmam que animais, muito para além de mamíferos, aves, polvos, são seres inteligentes e conscientes.
O senso comum apreende isto e a ciência confirma.

É, portanto, nosso dever ético não lhes causar sofrimento desnecessário.
"A compaixão universal é o fundamento da ética" - um pensamento profundo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.

Na tourada, o homem faz espectáculo e demonstração de arrogância, de poder, de "superioridade", mas também de crueldade, provocando, fintando, ferindo com panóplia de ferros que cortam, cravam, atravessam, esgotam, por vezes matam o touro, em suma lhe provocam enorme e prolongado sofrimento, para gozo de uma assistência que se diverte com o sofrimento de um animal nesta aberração designada por arte, desporto, espectáculo, tradição. O cavalo sofre enorme ansiedade, que por vezes lhe provoca a morte por paragem cardíaca, é incitado e castigado pelo cavaleiro para que enfrente o touro, sofre frequentemente ferimentos, que até lhe podem provocar a morte.


Mas nesta “arte” não são somente touros e cavalos que sofrem.
São muitas as pessoas conscientes e compassivas que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti educativa, fonte de enorme vergonha para o país, lesivo de reputação internacional, obstáculo que dissuade o turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem!
Muitos turistas aparecem nestes espectáculos por engano e por curiosidade. 
De lá saem impressionados e pensando muito negativamente sobre o que presenciaram e sobre a gente portuguesa que, neste nosso permissivo país, tal coisa apoia.

Vacadas e garraiadas contribuem para insensibilizar, habituar e até viciar crianças e adultos no abuso cruel exercido sobre animais, o que pode propiciar mais violência futura sobre animais e pessoas. 


Por isso, elas não devem sequer realizar-se onde já não são novidade e, muito menos, em sítios onde não existe tradição, como é o caso de Estoi, freguesia de Faro, na sua Feira do Cavalo.
A utilização de animais juvenis submetidos à violência de multidões, não pode ser branqueada como “espectáculo que não tem sangue e é só para as crianças se divertirem". Mesmo que não tenha sangue, é responsável por muito sofrimento dos animais. Contribui, certamente, para a perda de sensibilidade de pessoas, principalmente de crianças, e para o gosto pela cruel tauromaquia. É indissociável de futilidade, sadismo, covardia. 
A brincar, a brincar, se viciam pessoas, como sabemos.
Até serve a estratégia dos tauromáquicos visando a manutenção e a expansão da tauromaquia.

Vasco Reis, 
Médico veterinário

21.8.12

A hipocrisia dos homens e a (i)moralidade das leis



Foi com profunda tristeza, para não dizer revolta, que tomei conhecimento da informação intimidatória divulgada nos media pela polícia municipal de Ponta Delgada relativamente à ilegalidade do ato de se alimentarem os animais abandonados. Triste e incerto já não fosse o destino destes animais, o de deambularem pelas ruas da cidade, cabisbaixos e olhar profundo, sem segurança, sem abrigo, sem comida e sem água, até terem o infortúnio de serem capturados pelos funcionários do canil, ainda por cima são enfiados em boxes frias  e superlotadas, num misto de histerismo e confusão, e aguardam no canil, que nada mais é do que um corredor da morte, o seu destino final, o abate. E não se convença o leitor, em jeito de vã consolação, de que este é o destino tão somente dos velhinhos e doentinhos. Não! A sentença de morte não descrimina nenhum, apenas poupa por mais alguns dias os animais ditos com elevado potencial de adotabilidade e, se a sorte lhes sorrir, poderão ser adotados a tempo de se evitar mais um sacrifício.
Em causa estará supostamente a saúde pública, mas garanto-lhes que a minha ficou por um fio sabendo que estes animais nem com a mão bondosa dos cidadãos podem contar mais. Importa referir que de sensibilização para a questão do abandono animal ainda não ouvi ou vi por parte das entidades responsáveis pela recolha e tratamento destes animais abandonados, entendidos por muitos como lixo urbano e não como os seres sencientes que são e que também têm direito a partilhar este mundo. Quando sei que o custo de um abate de um animal equivale à esterilização do mesmo, muitas vezes causa do abandono de ninhadas indesejadas, não percebo porque ainda não se desenvolveu uma política de esterilização e de apoio às pessoas que não podem custear os preços das clínicas privadas. Infelizmente a verdade é que a dita política de bem estar animal dos municípios deste país nada mais é do que uma política de extermínio puro e duro de todo e qualquer animal indesejado. E podem crer que os números de animais abatidos são bastante assustadores. Aduzir argumentos do género “não existe outra solução” é demasiadamente fácil e conveniente; no entanto, a verdade é que é necessário empreender um conjunto de soluções capazes de produzir importantes mudanças a médio prazo.
Da legalidade ou não de se alimentarem estes animais abandonados pouco importa; as leis não passam de textos escritos que legitimam atitudes que nem sempre exprimem a vontade de todos. Importa sim a moralidade deste pequeno ato de compaixão para com um animal não humano que compartilha muitos dos nossos sentimentos.Vivo numa rua onde proliferam atos cruéis contra os animais, e apesar de se encaminharem os casos para as entidades competentes, desconhece-se até ao momento qualquer aplicação de coima ou de punição, sendo que estas mesmas pessoas que cometem estes atos horrendos continuam impunes, livres para cometerem estes “crimes” vezes sem conta. No entanto, parece que tempo e recursos existem para se perseguirem as pessoas que alimentam os animais vadios que lhes passam pela porta ou que não colocam o chip nos seus animais. Será que só a mim esta lógica das coisas parece estar um tanto ou quanto invertida???
 Marlene Dâmaso - PAN (Partido pelos Animais e pela Natureza)

20.8.12

E eu a vê-los passar




"E eu a vê-los passar"


20/08/2012
Havia um anúncio de que muitos portugueses acima dos 40 anos se lembram: promovia um carro que se distinguia por ser extremamente económico. Pelo menos, assim o dizia o fabricante. No spot aparecia um funcionário de uma área de serviço a lamentar-se: "E eu a vê-los passar..." O carro já passou à história, embora precisemos de modelos poupadinhos, nestes tempos de aumentos semanais do preço dos combustíveis, como acontece hoje. A frase ficou. O slogan era tão bom que resistiu ao tempo. E porque, em boa medida, até retratava um Portugal que se senta calmamente a ver os acontecimentos que passam à sua frente.
Ontem, cavaleiros, toureiros e público passaram à frente da polícia a caminho de uma praça de touros móvel onde ia realizar-se uma corrida. Os elementos fardados estavam ali para fazer cumprir uma decisão do tribunal, não necessariamente a lei. Era ou não legal realizar-se uma tourada em Viana do Castelo? Chamada a decidir, a Justiça deu cinco dias aos organizadores para se pronunciarem. Depois decide. Quando o fizer, já o recinto terá sido desmontado e terá partido para longe.
É a política do "E eu a vê-los passar...". A mesma que se segue na costa portuguesa, onde radares velhos foram desativados e os novos estão por montar e ligar. Os traficantes agradecem, enquanto descarregam fardos de droga nas nossas praias. "E eu a vê-los passar..." Nem o anúncio que funcionou tão bem para vender o carro conseguiria vender um país assim.
http://www.dn.pt/inicio/
opiniao/editorial.aspx?
content_id=2727079&page=-1

18.8.12

VIANA DO CASTELO NÃO MERECE SER PROFANADA COM UMA TOURADA





Texto de DEFENSOR MOURA

Depois de uma década e meia de profunda requalificação urbana e ambiental, com preservação e valorização dos recursos naturais, Viana do Castelo desenvolveu um modelo de cidade com estilos de vida saudável em perfeito equilíbrio com o privilegiado ecossistema envolvente.

O respeito pelos direitos dos animais e a decisão de declarar “Viana do Castelo Cidade anti-touradas” foram consequências naturais da evolução civilizacional da comunidade vianense, com aprovação da esmagadora maioria dos cidadãos e escassíssimas manifestações de oposição, como aliás o demonstraram os proprietários da Praça de Touros (que a venderam sabendo que acabariam as touradas) e, até, do centenário clube taurino da cidade que há muitos anos se dedica tranquilamente à prática de bilhar e xadrez.

Em Viana do Castelo não há touros, nem toureiros, nem forcados e as touradas nada tinham a ver com a Romaria d’Agonia, dedicada às belezas vianenses – o traje, o ouro, as danças e os cantares, o cortejo, as procissões e o fogo de artifício que atraem muitas centenas de milhares de forasteiros anualmente.

Ninguém sentiu a falta da tourada nos últimos três anos da romaria e Viana viveu tranquilamente a sua festa maior sem acolher no seu seio o bárbaro espectáculo onde os pobres touros, que vinham de fora, para aqui sofrerem torturas sanguinárias de toureiros, que também vinham de fora, para mórbido prazer de umas centenas de aficionados que, igualmente, de outras paragens chegavam à cidade!

Mas “Viana anti-touradas” é um símbolo da luta pelos direitos dos animais que os, cada vez menos aficionados, não desistem de abater. Esperava-se que, mais tarde ou mais cedo, a indústria tauromáquica investisse sobre Viana.

Foi este ano que o poderoso lobby das touradas apareceu, com uma proposta da federação Prótoiro para instalação de um redondel provisório em terrenos agrícolas na periferia da cidade, com o propósito de esmagar exemplarmente a vontade da cidade que simbolicamente se ergueu contra a bárbarie.

Esbarraram na firme determinação da Autarquia que indeferiu o pedido, por se manter orgulhosamente como “Cidade anti-touradas” e por rejeição do local de instalação da praça provisória. Inesperadamente o Tribunal Administrativo de Braga desautorizou a Câmara Municipal e viabilizou a proposta de realização do sanguinário espectáculo. INACREDITÁVEL!!!

E se, no que se refere ao próprio espectáculo, a contraditória legislação que condena a violência sobre os animais … e parece excepcionar as touradas(!), pode admitir a controversa decisão judicial, era bem dispensável a insensível citação da tauromaquia como manifestação cultural equivalente ao teatro e à música.

Inesperada, porém, foi a decisão judicial de autorizar a instalação de uma praça de touros num terreno agrícola junto ao mar! Sem ouvir a Câmara Municipal, nem a Comissão de Coordenação Regional, nem o Instituto Hidrográfico, nem o Instituto de Conservação da Natureza que tutelam aquela área protegida, o Tribunal autorizou a instalação daquela arena de tortura num terreno onde o próprio agricultor não é autorizado a construir um pequeno casebre para guardar os utensílios agrícolas. ESCANDALOSO!!!

Além de um grave atropelo à legislação vigente, o poder judicial desautorizou publicamente a Autarquia de Viana do Castelo e afrontou desnecessariamente a população vianense que, por esmagadora maioria, reprova e rejeita as sanguinárias torturas tauromáquicas.

Afinal, se em Viana não há touros nem toureiros e os escassos aficionados, se existem, apenas precisam de se deslocar duas dezenas de quilómetros para satisfazerem a sua sede (de sangue) de cultura taurina, PORQUE NÃO NOS DEIXAM EM PAZ???

Porque não deixam os vianenses e os milhares de visitantes fruir alegremente a maior Romaria de Portugal, não manchando a beleza multicolor que a caracteriza com o sangue do sacrifício dos touros inocentes.

É evidente que, na enxurrada da gravíssima crise social que atravessamos, com desemprego, fome e perda de direitos no trabalho, na saúde e na escola pública, este bárbaro atentado aos direitos dos animais é apenas mais um alarmante sinal do retrocesso ético e civilizacional que inunda a nossa sociedade e é preciso denunciar e rejeitar quotidianamente.

Por isso me solidarizo com os vianenses e os amigos dos animais que se vão juntar no domingo, a partir das 16 horas, junto ao Castelo Velho da Praia Norte e na própria Veiga da Areosa, para protestar contra este grave atentado aos direitos dos animais e, simultaneamente, denunciar a escandalosa desautorização dos legítimos representantes autárquicos de Viana do Castelo.

Defensor Moura
17.Agosto.2012

Amanhã vá à Feira das Traquitanas

Se não puder adotar, compre algo no espaço da associação ou faça um donativo, por mais pequeno que seja.

16.8.12

COM VIANA



COLETIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL COM VIANENSES ANTITOURADAS


Em 2009, a Câmara Municipal de Viana do Castelo, declarou aquela localidade como Cidade Antitouradas, a única portuguesa que faz parte das mais de 100 vilas e cidades, que também já o fizeram, nos 8 países em que a tauromaquia ainda não foi abolida.

Em crise em todo o mundo, a indústria tauromáquica tem investido em locais onde não há qualquer tradição, contando muitas vezes para isso com o apoio dos governos regionais, autarquias e comissões de festas ligadas à Igreja Católica.

No caso em apreço, a promoção de uma tourada em Viana do Castelo para além de ser mais um instrumento de banalização da violência para com os animais é uma afronta a todos os cidadãos e o desrespeito por uma decisão da autarquia.

O CAES- Coletivo Açoriano de Ecologia Social, coletivo que defende que é o atual modelo de produção e consumo o responsável pela violação dos direitos humanos e ambientais da maior parte da humanidade, sendo também responsável pelo sofrimento infligido aos animais, repudia frontalmente as pressões exercidas sobre a Câmara Municipal de Viana do Castelo e congratula-se com a sua firmeza em não autorizar o cruel espetáculo previsto para 19 de Agosto.

Açores, 16 de Agosto de 2012

CAES



14.8.12

Viana sem touradas

OLHA ESSE TOIRO!



Publicado na Quinta-Feira, dia 09 de Agosto de 2012, por Paulo Sousa Mendes 

Há muitos, muitos anos, o meu bisavô atravessava a zona do cabrito, em direção às Cinco Ribeiras, quando ouviu alguém que lhe gritou: – Olha, esse toiro! Mas, o meu bisavô, ao julgar que estaria a ser alvo de alguma brincadeira, não teve a atenção de se virar para ver o que lhe esperava, foi então 'atropelado' por um toiro.
Serve esta pequena 'estória' como introdução a um tabu que aflige a nossa ilha, a segurança nas touradas à corda.
Manda o senso comum, mas não o bom senso, nunca questionar tudo o que faz parte do 'universo' tauromáquico. Desde o próprio conceito que sustenta o tabu, a tradição, tido, erradamente, como algo imutável e inquestionável até às alegadas vantagens económicas para a ilha, mesmo se, porventura, essas vantagens se repercutam, com maior peso, na designada economia paralela da ilha. Se calhar, por isso, nunca se fez qualquer estudo sistemático que confirme ou não, o contributo económico das touradas na ilha Terceira. Até seria interessante conhecer o volume de negócios gerado pela venda de DVDs de aficionados a serem marretados pelos bravos toiros.
Mas retomando a questão da segurança. Ao longo de muitos anos, eu, pelo menos, nunca me questionei acerca do número de feridos e mortes por cada época de touradas. Mas, qual a razão para essa ausência de discernimento? Bem, porque, simplesmente, «no news is good news». De facto, os eventuais feridos e mortes numa tourada nunca foram e não são motivo para notícia, pelo que equivale, no senso comum, à ausência de perigo das touradas à corda. E compreende-se o porquê. A constante tentativa de “colar” o turismo às touradas é uma razão, pois não seria favorável apresentar o carácter perigoso que envolve a tourada à corda.
E se realmente se pudesse traçar um paralelismo entre o turismo e a tourada à corda, a julgar-se pelo número de dormidas, não seria muito favorável às touradas…se é que me entendem.
Claro há sempre, aqueles mais gabarolas que argumentam que só vai à tourada quem quer, mas isso não explica os motivos de um autêntico pacto social, com vista à proteção de uma tradição. Contudo, até mesmo os mais aficionados e interessados na tauromaquia e mais, especificamente, na tourada à corda, deveriam ter o bom senso de quererem conhecer e dar a conhecer ao público, os dados sobre feridos, vidas comprometidas e mortes provocadas pelas touradas à corda, pois não é por se ignorar um problema que este desaparece. Aliás, o conhecimento do problema é o primeiro passo para o solucionar e pelo que constato, tem sido sempre preferível fazer do problema uma piada «encassetada», ou melhor, digitalizada, do que o levar, realmente, a sério.
noticias/ver.php?id=28917

Nota- Também publicado no Diário Insular no dia 10 de Agosto de 2012

4.8.12

Imoralidade e ilegalidade e Santa Bárbara - Ribeira Grande




NÃO FIQUE INDIFERENTE – AJUDE-NOS A TRAVAR A INVESTIDA DA INDÚSTRIA TAUROMÁQUICA EM SÃO MIGUEL (AÇORES)
Proteste contra a realização de uma tourada à corda em Santa Bárbara no próximo dia 11 de Agosto de 2012



Está prevista a realização de uma tourada à corda na freguesia de santa Bárbara, concelho da Ribeira Grande na Ilha de São Miguel, no próximo dia 11 de Agosto promovida pela Comissão de Festas, ligada à Igreja Católica.

Escreva ao sr. Bispo e ao Padre da Paróquia para impedir que o referido triste “espetáculo” se realize. Divulgue por todos os seus contatos.

Pode usar o texto abaixo ou personalizá-lo a seu gosto.



Bcc: acorianooriental@acorianooriental.pt,jornal@diariodosacores.pt, acoresmelhores@gmail.com, matp.acores@gmail.com, auniao@auniao.com, u@auniao.com, apacores@gmail.com, gbea@amigosdosacores.pt, cantinhoanimaisacores@hotmail.com,


Exmo. e Revmo. Senhor

Dom António de Sousa Braga


C/c: Pároco da Freguesia, Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Presidente da Assembleia Municipal da Ribeira Grande, Presidente da Junta de Freguesia



Tomei conhecimento através de uns cartazes que violam o disposto no Decreto Regulamentar n.º 62/91, de 29 de novembro, no que se refere à publicidade dos chamados “espetáculos tauromáquicos”, que promovida pela Comissão de Festas, vai realizar-se, no próximo dia 11 de Agosto, uma tourada à corda na freguesia de Santa Bárbara, concelho da Ribeira Grande.
Considerando que a Igreja Católica deveria ter uma posição clara de oposição às touradas, que foram condenadas e proibidas pelo Papa Pio V, que as considerava como espetáculos alheios de caridade cristã;

Considerando que as touradas em nada contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito aos animais, além de causarem sofrimento aos mesmos e porem em risco a vida das pessoas;

Considerando que entre a população local há paroquianos que estão descontentes com o uso das suas contribuições para fins que em nada servem para a elevação moral e ética dos habitantes de Santa Bárbara;

Considerando que a Igreja (e as comissões a ela associadas) não pode violar as leis em vigor;

Vimos apelar a V. Revª para que intervenha junto de quem de direito para que a referida tourada não se realize.

Atentamente



2.8.12

APA na Feira Quinhentista



A convite da Câmara Municipal de Ribeira Grande, a APA estará presente na Feira Quinhentista nos dias 3, 4 e 5 de agosto entre as 18h00 e as 23h00. Vamos apelar à adoção, prevenção de maus-tratos e sensibilização para esterilização/castração.

Iremos promover, também,  uma angariação de fundos.

Estarão no local animais do canil municipal.