23.2.13
BE e PSD e os apoios às touradas
Comunicado de imprensa: BE não aceita apoios à tauromaquia quando estão a ser implementados cortes no apoio às pessoas
A Representação Parlamentar do Bloco de Esquerda não aceita que a Região continue a financiar a tauromaquia com dinheiros públicos ao mesmo tempo que implementam políticas restritivas na Educação, Saúde, Solidariedade Social, Cultura, Transportes e Habitação. Esta foi a posição manifestada pela deputada Zuraida Soares no âmbito do debate, no parlamento, sobre uma petição pelo fim dos apoios públicos para a tauromaquia nos Açores.
“Não é aceitável, nem compreensível a insistência no apoio financeiro da Região à tauromaquia, enquanto atividade de interesse turístico e muito menos se percebe o apoio à tauromaquia como atividade cultural e não como um negócio privado que só não é ruinoso porque vive 'à sombra' de um alegado interesse público”, disse a deputada do BE.
Zuraida Soares não quer que o Governo Regional imite as prioridade da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, que, desde 2011, financiou a Tertúlia Tauromáquica Terceirense em mais de meio milhão de euros, ao mesmo tempo que deixa o Teatro Angrense degradar-se ao ponto de não ter condições para receber a maior demonstração de teatro popular de Portugal – as danças e bailinhos de Carnaval da Terceira –, tendo mesmo retirado os parcos subsídios que atribuía a estes grupos.
Basta comparar os valores orçamentados pela autarquia de Angra, em 2012, para a Tertúlia Tauromáquica Terceirense – €250.000 – e para a Acção Social – (€165.510) – para perceber que as prioridades estão erradas.
“Infelizmente, para o Governo Regional, os interesses da tauromaquia são sagrados e, além de principescamente apoiados, financeiramente, são também excepcionados do cumprimento da lei”, disse Zuraida Soares, referindo-se ao apoio financeiro de €75.000 atribuído à organização do II Fórum da alegada cultura taurina, que incluiu no seu programa, a realização de uma prática ilegal: a sorte de varas.
Horta, 22 de Fevereiro de 2013
O PSD E AS TOURADAS
O PSD/Açores defendeu hoje a continuidade dos apoios oficiais às atividades tauromáquicas na Região, considerando-as “a maior manifestação cultural da Terceira, com um profundo enraizamento na Graciosa e em São Jorge, e que continua a crescer em outras ilhas da Região”, pelo que “não acompanhamos a contestação quando há retorno aos apoios à Tauromaquia no âmbito da economia, do turismo regional e do bem-estar social”, disse o deputado Luís Rendeiro.
O social-democrata falava durante a análise de uma petição que visava o fim dos apoios oficiais às atividades taurinas, na qual realçou que “a tauromaquia regional não é uma invenção nem uma importação, como alguns desfiles e paradas que por aí se promovem e apoiam. A Tauromaquia é de cá”, afirmou, lembrando a sua classificação “como Património Cultural Imaterial em Angra do Heroísmo, Praia da Vitória e, brevemente, em Santa Cruz da Graciosa”.
Segundo destacou, “o centro da tauromaquia açoriana, que tem o seu expoente máximo na Terceira, é o toiro. O toiro que move as gentes, muito mais que o toureiro ou o toureio em si”, explicando que, “como em mais nenhum lado, os toiros são criados, cuidados, tratados, conhecidos pelos seus nomes, números e façanhas. E a regra é a de que morram velhos nas pastagens onde viveram, porque nos Açores o toiro é respeitado”.
Luís Rendeiro lembrou também a posição dos biólogos da Universidade dos Açores, Eduardo Dias e João Pedro Barreiros, “que defendem a criação de gado bravo no interior da Terceira, pois ela é um contributo para a manutenção dos ecossistemas naturais. O que não será certamente diferente nas outras ilhas, onde existem criadores de toiros”, adiantou.
Para o parlamentar, “fazer de conta que a tauromaquia não é essencial para o turismo da Região é um erro grave, sobretudo quando há hotéis a fechar e empregos a desaparecer todos os dias”, assim como afirmou que as referências ao mal-estar social que os peticionários referem “apenas podem ser produzidas por quem não conhece a tauromaquia que se faz nos Açores”.
O social-democrata frisou a necessidade de “rigor e objetividade na atribuição de todo o tipo de subsídios, na tauromaquia ou qualquer outra atividade”, devendo ser essa atribuição de verbas “criteriosa e fiscalizada, com montantes adequados aos fins, os resultados e os objetivos avaliados, e com garantia de retorno”.
Luís Rendeiro alertou que “os apoios não podem, em nenhuma circunstância, ser ferramenta de campanha ou de promoção de nenhum membro do governo, diretor regional, deputado ou de quem quer que seja”, afirmando que “poderá haver abusos e excessos”, até porque “o governo às vezes parece gostar de se pôr a jeito, e há momentos curiosamente oportunos para atribuir apoios”, lembrou.
O deputado do PSD/Açores frisou ainda que a Tauromaquia “é uma valia absoluta no nosso panorama cultural, que merece ser apoiada de acordo com o enquadramento legal em vigor, pois o que atualmente existe é fruto da vontade popular. É assim que deve continuar”, concluiu Luís Rendeiro.
20.2.13
Não à tourada como património da Graciosa
Touradas como património Cultural Imaterial da Graciosa? Não, Obrigado.
Não fique indiferente- Entre em ação
A mesa da Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa pretende que que a Tauromaquia seja considerada Património Cultural e Imaterial do Município de Santa Cruz da Graciosa.
Escreva aos autarcas da Graciosa para que votem contra.
Pode usar o texto abaixo ou personalizá-lo a seu gosto.
Para: geral@cm-graciosa.pt, amscg@cm-graciosa.pt, amscg@cm-graciosa.pt
Bcc: matp.acores@gmail.com, acoresmelhores@gmail.com, amigosdosanimaisdailhagraciosa@gmail.com, geral@radiograciosa.com, luiscosta.rtp@gmail.com,
Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Graciosa
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa
A Assembleia Municipal de Santa Cruz da Graciosa reúne em sessão ordinária na próxima segunda-feira, 25 de Fevereiro, às 20h30, para discutir e votar uma proposta da Mesa da Assembleia Municipal para que a Tauromaquia seja considerada Património Cultural e Imaterial do Município de Santa Cruz da Graciosa.
A iniciativa em questão não tem nada de original, pois não é mais do que a cópia do que tem sido feito, em vários municípios onde a indústria tauromáquica teima em persistir.
Considerando que as touradas em nada contribuem para EDUCAR os cidadãos e cidadãs para o respeito para com os animais, para além de causarem sofrimento aos mesmos e porem em risco a vida das pessoas e dos próprios animais, não se coadunando com os valores humanistas do mundo de hoje, considera-se que a proposta de classificar as touradas como património cultural imaterial, a ser aprovada, uma mancha no bom nome dos cidadãos da Graciosa e um golpe no turismo de qualidade tão importante para uma ilha que está cada vez mais isolada no contexto regional.
Com os melhores cumprimentos
(Nome)
15.2.13
10.2.13
As touradas e a confraternização entre as classes sociais
Sabendo-se que o argumento da tradição não colhe, que o do contributo para a promoção turística é falso e que até hoje nunca ninguém provou que as touradas contribuíssem positivamente para a criação de riqueza nos Açores, os adeptos das touradas alegam o seu importante papel social, nomeadamente no fomento do convívio entre as populações e no esbatimento das diferenças entre as classes sociais.
Não é a venda de vídeos que ninguém bem formado pode apreciar e que só nos envergonha perante os visitantes mais cultos e sensíveis ao sofrimento do animal, que é forçado a participar, e humano ainda que participante voluntário, não é a venda de gelados, nem de favas ou de amendoins, não é a venda de cerveja, que nem açoriana é, e muito menos as taxas pagas pelos promotores das touradas que contribuem para uma economia regional sustentável. Por acaso, já alguém teve o cuidado de fazer o balanço entre as receitas e as despesas das touradas de todos os tipos?
Estou convencido que este balanço por ser negativo para a Região nunca será feito. Com efeito, a vinda de touros, cavalos, toureiros do continente português ou do estrangeiro para as touradas de praça é uma saída de dinheiro que muito bem poderia ser investido em atividades produtivas nos Açores. No caso das touradas à corda, algum comércio que se faz de certeza não compensa o que não é feito noutras áreas comerciais, o tempo de trabalho que é perdido para a criação de riqueza, as despesas com os cuidados de saúde derivados dos feridos que vão acontecendo e as vidas que se perdem não farão com que o “crime” não compense.
Relativamente ao convívio que anda associado às touradas à corda acho que o mesmo poderá continuar a existir sem haver a necessidade de ter estar associado à presença de um animal. Basta imaginação e criatividade e estas os terceirense têm quanto baste para fazerem evoluir as suas festas e senão a possuíssem bastava seguirem o exemplo do Boi-de- mamão que segundo alguns é “uma brincadeira típica do folclore da ilha de Florianópolis, envolvendo diversas personagens e músicas com ritmos açorianos”.
Por último, o outro argumento que é por demais difundido é o de que as touradas, sobretudo as à corda, permitirem o esbatimento das diferenças de estatuto social e tornarem possível a confraternização entre as várias classes sociais.
Eu que nunca acreditei que as classes sociais, tal como a luta de classes, já haviam sido abolidas, também não acredito que com as touradas haja uma confraternização entre ricos e pobres e entre exploradores e explorados. O que há e sempre houve, ao longo dos tempos, são alguns populistas que oferecem touradas e vacadas ao zé-povinho a troco de votos e de outros favores, sabendo que estão a dar-lhe o ópio que o insensibilizará face ao sofrimento animal e o anestesiará para a luta pelos seus direitos.
Sobre o assunto, Paulo Silveira e Sousa, no texto “As elites, o quotidiano e a construção da distinção no distrito de Angra do Heroísmo durante a segunda metade do século XIX” (http://hdl.handle.net/10400.3/399) publicado na revista Arquipélago História, em 2004, referindo-se às touradas à corda na segunda metade do século XIX, escreve:
“As touradas eram um palco para demonstrações de força, de destreza, e para as relações entre classes segundo o velho modelo paternalista e hierárquico. Apesar de serem frequentadas por todos os grupos sociais, tanto urbanos como rurais, não podemos daqui inferir apressadamente a conclusão de que estas eram uma espécie de espaço igualitário. Só aparentemente a tourada era um espaço sem distinções de classe. A marca do ganadeiro que apresentava os touros, a presença das suas equipes, dos seus pastores, ou a sua própria presença pessoal criavam logo diferenças, dando-lhe visibilidade e notoriedade.”
A corroborar a afirmação anterior o mesmo autor, no texto referido, um pouco mais adiante afirma:
“Entre os senhores de gravata da cidade, as suas esposas e filhas, que de um balcão seguro observavam o touro, e os camponeses descalços que corriam fugindo das investidas do animal, as diferenças estavam novamente bem claras. Alguns notáveis podiam estar presentes por serem ainda donos de uma antiga casa de família, reproduzindo-se assim a deferência com que os camponeses tratavam os senhores das vilas e cidades, ou podiam ser apenas os convidados de um proprietário influente da freguesia. Outros ainda eram os representantes, igualmente, falidos, do velho mundo marialva.”
Hoje, depois de muitas voltas ao Sol dadas pela Terra, depois de muitas ditaduras, a última das quais a partidocrática, a situação não se alterou significativamente. Com efeito, continuam as touradas a alimentar uns poucos à custa dos dinheiros que são de todos.
Mariano Soares
6.2.13
5.2.13
3.2.13
2.2.13
Subscrever:
Mensagens (Atom)