26.12.17
Leonardo da Vinci
Notas Zoófilas (126)
Leonardo da Vinci
“Chegará o dia em que todo homem conhecerá o íntimo dos animais. Nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade.” ( Leonardo da Vinci)
O italiano Leonardo da Vinci, uma das personalidades mais importantes do Alto Renascimento, nasceu a 15 de abril de 1452 e faleceu aos 67 anos, no dia 2 de maio de 1519. Mais conhecido como pintor, Leonardo da Vinci foi apaixonado por muitas áreas do conhecimento, tendo estudado, entre outras disciplinas, matemática, anatomia, arquitetura e botânica.
Leonardo da Vinci pode ser considerado como um antecessor do movimento vegano atual que defende uma forma de viver onde são excluídas todas as formas de exploração e de crueldade com animais, seja para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outro fim. Com efeito, segundo alguns autores Leonardo da Vinci era “um amante dos animais” de tal modo que os comprava vivos para depois os libertar, recusava-se a comer carne e preferia “usar peças de linho para não ter de carregar “animais mortos” aos ombros”.
Para além das suas opiniões e da sua ação em defesa dos animais há quem considere Leonardo da Vinci como um antepassado dos atuais defensores do património natural. Sobre o assunto podemos ler na wikipédia o seguinte:
“Leonardo sempre amou a natureza. Nas proximidades da sua casa de infância há montanhas, árvores, rios e animais selvagens. Este ambiente de juventude terá estado na origem do interesse de Leonardo pela natureza, proporcionando-lhe as condições perfeitas para observação e estudo do mundo natural e, talvez, pela pintura. As duas recordações mais antigas que relatou são de um papagaio de papel pairando sobre o seu berço e de uma gruta nos bosques.”
Teófilo Braga
26 de dezembro de 2017
25.12.17
18.12.17
Eduardo Prado Coelho e as (más) tradições
Eduardo Prado Coelho e as (más) tradições
O argumento da tradição é um dos que é mais usado para defender a continuidade de algumas práticas que devido à evolução civilizacional já deviam ter sido abolidas há muito tempo, como é o caso das touradas.
O mais curioso, ou talvez não, é que os defensores das tradições deixam cair no esquecimento algumas ou fazem alterações noutras, deixando-as irreconhecíveis. A título de exemplo, onde estão as batalhas de flores ou mesmo as bandas filarmónicas na animação dos arraiais dos impérios do Espirito Santo? As primeiras desapareceram, as segundas foram substituídas pelos conjuntos de música pimba, que por vezes usam e abusam de letras que fariam, no mínimo, corar o Divino Espírito Santo se este se desse ao trabalho de as ouvir.
Sobre o assunto, já lemos muitos textos a rebater o estafado argumento da tradição, mas poucos vimos com a clareza e acutilância como o que foi apresentado pelo professor, escritor e ensaísta Eduardo Prado Coelho (1944-2007), num artigo sobre os touros de morte de Barrancos, publicado no jornal “Público” e reproduzido, com a devida vénia, no jornal “O Zoófilo”, de julho/setembro de 1999.
Para além de outras considerações que mereciam ser divulgadas, Eduardo Prado Coelho, depois de levantar a hipótese de Portugal ser ou não uma “república das bananas”, o que se veio a provar que é, pois a decisão dos tribunais não foi cumprida, rebate o argumento da tradição do seguinte modo:
“Postas assim as coisas, o argumento não vale nem um chavo nem um chavelho. Há tradições aceitáveis e outras não. Muitas das chamadas aquisições fundamentais para a dignidade dos seres humanos foram arrancadas às tradições mais ignóbeis. Se for tradição numa comunidade a excisão clitoriana ou a cremação das inconsoláveis viúvas junto dos seus nunca assaz chorados esposos, isso não significa que se considere que se trata de tradições respeitáveis”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31407, 19 de dezembro de 2017, p. 10)
12.12.17
O Dr. António Maria Pereira, os direitos humanos e os dos animais
O Dr. António Maria Pereira, os direitos humanos e os dos animais
Na semana passada escrevemos um pouco sobre o Dr. António Maria Pereira (1924-2009), advogado que ficou conhecido como o "pai dos direitos dos animais em Portugal". Hoje, aproveitamos para recordar um pouco do que ele fez, não só em prol dos animais.
No que aos animais diz respeito, o Dr. António Maria Pereira para além da sua intervenção como deputado, valorizou o associativismo, tendo sido reconhecido pela Sociedade Protetora dos Animais que lhe atribuiu a categoria de sócio de mérito. Além disso, foi sócio fundador da Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais, associação de Utilidade Pública, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, criada em 1981.
No que diz respeito à sua intervenção enquanto deputado eleito pelo Partido Social Democrata, destacamos a autoria da Lei nº 92/95, de 12 de setembro, de proteção dos animais, que embora ficasse muito aquém do desejado pelos amigos dos animais foi o primeiro passo dos muitos que ainda faltam dar para que aqueles sejam devidamente respeitados.
Mas o combate do Dr. António Maria Pereira não se esgotou na defesa dos animais. Com efeito, ele foi, também, um defensor dos Direitos Humanos, tendo sido membro da Amnistia Internacional, sócio fundador e presidente da direção da Direito e Justiça, secção portuguesa da Comissão Internacional de Juristas de Genebra e membro da Liga Internacional dos Direitos do Homem.
Para além do referido, e não esgotando o assunto, terminamos referindo que o Dr. António Maria Pereira integrou a Comissão Nacional para as comemorações do 50º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem, participou em numerosas conferências sobre o tema dos direitos humanos e foi autor de diversos artigos e do livro “Direitos do Homem”, editado, em 1979, pelas Edições Dom Quixote.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31401, 12 de dezembro de 2017, p. 10)
4.12.17
Recordando o Dr. António Maria Pereira
Recordando o Dr. António Maria Pereira
O Dr. António Maria Pereira (1924-2009) foi advogado de profissão, tendo sido deputado à Assembleia da República, na primeira, quinta e sexta legislaturas, eleito em listas do Partido Social Democrata. Notabilizou-se no parlamento português pela defesa dos direitos dos animais, tendo sido o autor do projeto de lei que, após a sua aprovação, deu origem à primeira lei de proteção dos animais no país.
António Maria Pereira, conhecido como o "pai dos direitos dos animais em Portugal", segundo um texto publicado no jornal O Independente, no dia 15 de maio de 1992, no seu projeto de lei, não se esqueceu de nada. Com efeito, nos “cerca de 130 artigos que regulam minuciosamente as relações entre o homem e os outros seres vivos do reino animal”, são abrangidas as touradas, o transporte de gado, os cães, os gatos domésticos e os ratos de laboratório.
Três anos depois, numa intervenção em defesa da aprovação da sua proposta afirmou:
Não podemos consentir que, em Portugal, se continue a torturar animais impunemente e que, como com frequência tem acontecido, os juízes a quem foram submetidos casos de crueldade com animais, para julgamento, se declarem impotentes e absolvam os réus por falta de lei aplicável!
É uma questão cultural de ordem ética que está em causa. E é precisamente à luz da ética que deve entender-se a obrigação, que todos temos, de não torturar animais gratuitamente e de, na medida do possível, reduzir o seu sofrimento.
Sobre a barbaridade das touradas, mais concretamente sobre os touros de morte de Barrancos e a atuação do governo, num texto publicado no Zoófilo, em 1999, António Maria Pereira escreveu:
“O que aconteceu em Barrancos é uma vergonha nacional. Foi a negação do Estado de Direito, foi o encorajamento à desobediência civil em desrespeito às Leis da República, foi a desautorização e a sujeição ao ridículo dos Tribunais e da GNR.
O grande responsável é o ministro Jorge Coelho”
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31396, 5 de dezembro de 2017, p. 13)
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