18.7.18
A hipocrisia e o engano das falsas touradas de beneficência
A hipocrisia e o engano das falsas touradas de beneficência
O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) condena a utilização falsa e hipócrita de supostos fins de beneficência para fomentar e tentar lavar a cara ao cruel negócio das touradas na nossa região.
Mais uma vez, a indústria tauromáquica da Terceira anunciou a realização de uma tourada falsamente denominada de beneficência: a chamada “Corrida do Emigrante”, prevista para o dia 22 de julho, que tem como suposta finalidade apoiar o Lar de Idosos da Vila de São Sebastião.
Na realidade, para a indústria tauromáquica qualquer coisa é válida para tentar atrair mais espectadores às praças de touros, mesmo ludibriando as pessoas com apelos aos mais nobres sentimentos da caridade. Para tal basta arranjar a cumplicidade dos dirigentes duma entidade qualquer à qual depois, no melhor dos casos, são entregues umas quantas migalhas dos lucros obtidos.
Umas migalhas ou mesmo nada. Por exemplo, no caso das duas touradas realizadas no passado mês de março em Santarém a favor das vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande, a associação de vítimas desta localidade nem sequer tinha conhecimento da sua realização. E na vizinha Espanha, na cidade de Albacete, uma associação de pessoas portadoras de deficiência não recebeu nem um tostão dos mais de 200 mil euros ganhos na bilheteira da tourada realizada, a seu favor, no passado mês de julho.
Afinal, a preocupação pela entidade beneficiada é quase sempre praticamente nula. Assim ficou demonstrado também na nossa região com a frustrada tourada organizada na Terceira, em 2016, a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC). Perante o anúncio da tourada, a LPCC rapidamente recusou ser utilizada num negócio ao qual era alheia, e no qual o seu bom nome iria ficar publicamente denegrido. Como era de esperar, esta recusa gerou uma enorme indignação entre os organizadores da tourada, que a toda a pressa tiveram de procurar uma outra entidade que servisse de desculpa para a sua pretensa beneficência. A realização da tourada à margem da finalidade que era supostamente a sua razão de ser demonstrou que o verdadeiro interesse era a promoção da tauromaquia e não a ajuda a qualquer instituição.
Não temos dúvidas de que se qualquer pessoa de bom coração deseja contribuir para uma determinada entidade de solidariedade social, o melhor que pode fazer é dar directamente o seu dinheiro a essa entidade. Não precisa de modo nenhum, para isso, de financiar a indústria tauromáquica da ilha Terceira, que no caso da próxima tourada até pretende trazer toureiros do continente, com todos os elevados custos associados à sua deslocação, montante de dinheiro que seria muito mais útil se fosse entregue à suposta entidade beneficiada.
Benefício não é beneficência. E a autêntica beneficência, etimologicamente “fazer o bem”, nunca poderá ter nada a ver com o abuso, maltrato e tortura de seres inocentes nem com o fomento do negócio caduco, sangrento e retrógrado das touradas.
Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
17/07/2018
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