25.6.10

Tourada Ilegal na Terceira



No passado domingo, dia 20 de junho, foi realizada na Praça de touros da ilha Terceira uma corrida ilegal.

Na sexta-feira anterior foi decretado luto nacional de dois dias, devido à morte do escritor José Saramago, para os dias 19 e 20 de junho. Ora, segundo o recentemente aprovado Decreto Legislativo Regional n.º 11/2010/A (Regulamento Geral dos Espectáculos Tauromáquicos de Natureza Artística da Região Autónoma dos Açores), durante períodos de luto nacional não podem ser realizados espectáculos tauromáquicos, tal como pode ler-se no Artigo 12:

Artigo 12.º - Proibição e cancelamento do licenciamento.
1 — Não podem ser realizados espectáculos tauromáquicos:
a) Na data de realização de actos eleitorais ou referendos de qualquer natureza;
b) Quando tenha sido decretado luto nacional ou regional.

Assim, esta corrida, realizada dentro das festas Sanjoaninas, devia ter sido cancelada, sendo a sua realização claramente ilegal.

De quem não tem respeito pelos animais, dificilmente se pode esperar grande respeito pelas pessoas. Agora demonstra-se também que a indústria tauromáquica tem pouco respeito pela lei.

Mas também tem pouco respeito pelas crianças. Pouco respeito quando, no passado dia 22, se realizou uma “Tourada de praça para crianças e idosos”. Pouco respeito quando o acesso às touradas de praça para os menores de dez anos não só é permitida, mas ainda é gratuita. Pouco respeito quando, no mesmo domingo dia 20, se realizou também uma “Tourada à corda para crianças”.

E ainda pouco respeito pelas tradições e pelas graves dificuldades económicas pelas quais atravessa o país. No último ano têm-se realizado diversas touradas à corda em São Miguel, ilha onde curiosamente nunca houve essa tradição. E isto graças à extrema generosidade de governantes regionais e autárquicos. Lembre-se que uma tourada à corda, na ilha Terceira, custa entre 750 e 3.500 € (mais licenças), ao qual, neste caso, é preciso somar ainda o preço do transporte do gado até São Miguel. Mas, se calhar por um excesso de modéstia, ou se calhar por outros motivos, esta grande generosidade dos governantes com os dinheiros públicos apareceu sempre disfarçada por trás de diversas entidades organizadoras: associações agrícolas, associações de estudantes, comissões de festas, juntas de freguesia… entidades todas elas aparentemente com dinheiro a mais para organizar este tipo de custosos eventos.

É mesmo assim! A actual indústria tauromáquica não respeita os animais. Não respeita as tradições. Não respeita os dinheiros públicos. Não respeita as leis. Não respeita às crianças. E agora nem sequer respeita os mortos. Como é possível que uma vergonha como esta continue a acontecer no século XXI?

Fonte: Blogue de "Os Verdes Açores"

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