23.6.09

Cavalos Maltratatados nas Cavalhadas

Que tristeza

As tradições, quando reproduzem fielmente as práticas do passado, conferem identidade cultural a uma localidade ou região e atraem o turismo, são sempre bem vindas. E é na Primavera/Verão que as tradições mais genuínas nos Açores têm uma grande visibilidade: tome-se o exemplo das romarias, das festas do Santo Cristo e do Espírito Santo e dos santos populares, como é o caso de São Pedro. As comemorações em honra do padroeiro da Ribeira Grande, a 29 de Junho, assinalam o feriado municipal da elevação da Ribeira Grande a cidade, há 28 anos, e a realização das Cavalhadas de São Pedro. A tradição centenária inspirada num desfile equestre até poderia ter a sua piada se os cavaleiros soubessem...lidar com os cavalos. Mas não é esse o caso. Todos os anos (pelos menos os mais recentes) dezenas de animais habituados a pastar nos prados verdes da ilha são sujeitos a um enorme stress de fazerem (parece...) cada vez mais quilómetros à volta da cidade nortenha, em cima uns dos outros, ao som de cornetas, debaixo, por vezes, de um calor intenso que lhes deixa transpirados por todos os lados e sem poderem matar a sua sede, fustigados por golpes de chicote e porrete até à sua quase exaustão. Como se não bastasse, os pomposos cavaleiros, alguns num estado alcoólico deveras lamentável, puxam os apertados freios do animal até relincharem e levantarem as patas da frente. É por isso que alguns cavalos morrem no final do triste espectáculo. Tradições assim é preferível que não hajam, para que os turistas não pensem que os animais afinal não são os cavalos, mas sim os seus cavaleiros e promotores das Cavalhadas... ||
Paulo Faustino

Fonte:Açoriano Oriental, 24 de Junho de 2009

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