9.5.09

Presidente da Direcção dos Amigos dos Açores e as Touradas


Jaime- Por que razão os Amigos dos Açores, como o próprio nome indica, não se assumem como uma ONGA de âmbito regional, em vez de centrarem e limitarem a sua acção a S. Miguel e S. Maria? Parece que cada ilha tem a sua ONGA privativa e para consumo interno. Não será precisamente esse um factor que retira força e credibilidade ao movimento ambientalista açoriano?

Os Amigos dos Açores são assumidamente uma associação de âmbito regional, tal como é reconhecida pelo sistema jurídico português. Esse âmbito regional não implica que tenha acção local em todas as ilhas, mas sim participar activamente em diversas temáticas de interesse regional. Convém reparar que os Amigos dos Açores não se debatem apenas pelos assuntos relacionados com as ilhas do grupo oriental. No entanto, a acção local incide fundamentalmente nestas ilhas, porque são as ilhas onde temos colaboradores activos. Assumindo a descontinuidade territorial do arquipélago só com colaboradores locais podemos desenvolver acções desse âmbito noutras ilhas. Não concordo com a observação das ONGAs para consumo interno. Veja que os Montanheiros, ONGA de âmbito regional, possui para além da sua sede na ilha Terceira, núcleos em mais três ilhas: Pico, São Jorge e São Miguel.

Manuel- Concordo com a posição generalista dos Amigos dos Açores relativamente ao espectáculo taurino na Região. Contudo, porque não defender para a Terceira um regime de excepção da sorte de varas e touros de morte tal como acontece com Barrancos no continente, salvaguardando assim a sua identidade cultural?

A sorte de varas e touradas de morte são práticas de tortura animal extrema, desrespeitadoras da sensibilidade animal, que nos opomos claramente. Não há sentido para qualquer excepção uma vez que as tradições taurinas da ilha Terceira nada têm a ver com estas práticas.

André- Tal como fez com as Touradas de Morte, porque não defendem os Amigos dos Açores duas iniciativas que salvaguardem a nossa biodiversidade e paisagem: - Açores como território livre de OGM? - Açores como território ecologicamente inviável para centrais energéticas de queima de biomassa?

Os dois temas são de reconhecido interesse, no entanto, os nossos recursos humanos são escassos e de natureza voluntária, pelo que não podemos estar envolvidos em demasiados assuntos simultaneamente, sob pena de não lhes darmos o devido acompanhamento. A sorte de varas e as touradas de morte foram assuntos que começamos a trabalhar antes das iniciativas parlamentares para a sua regulamentação, mas que estas lhe atribuíram uma eminência e prioridade particulares. Gostaríamos de ter um maior número de colaboradores voluntários que nos permitisse o envolvimento simultâneo em mais temas. Aproveito para deixar um apelo aos interessados.

(Extracto da entrevista publicada no jornal Açoriano Oriental, 9 de Maio de 2009)

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